Os 100 anos do Cineteatro Jaime Gralheiro, em São Pedro do Sul, vão ser celebrados este ano com 100 atividades, entre as quais o cinema, que regressa a esta sala 50 anos depois da última sessão, anunciou hoje a autarquia.

“As 100 atividades englobam toda a programação do Município [de São Pedro do Sul] e das associações que desafiámos para apresentarem neste espaço que, infelizmente, poucas pessoas conhecem”, afirmou a vereadora da Cultura, Teresa Sobrinho.

Na apresentação aos jornalistas da programação até abril, uma vez que o centenário se vai assinalar ao longo do ano, a vereadora destacou o cinema como um “ponto forte”, uma vez que “é o regresso”, após 50 anos sem programação regular.

“Vamos ter todo o cinema. Agora, até março, são os filmes muito marcados pelos Óscares, os mais atuais, depois, na primavera e verão, quando não há tantas novidades, poderemos ter aqui pequenos ciclos temáticos ou dedicados a realizadores”, adiantou.

O regresso da sétima arte ao cineteatro acontece depois de uma candidatura, em 2023, do Município de São Pedro do Sul ao programa de modernização da infraestrutura tecnológica da rede de equipamentos culturais do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de 150 mil euros, financiado a 100%.

Além do cinema, a sala vai contar com dois momentos “mais marcantes”, no dia 25 de Abril, com o encerramento da celebração dos 50 anos do Dia da Liberdade e, depois, em 06 de junho, data que marca os 100 anos da inauguração do cineteatro.

“No dia dos 100 anos vamos ter um espetáculo desenvolvido pelo Cénico", grupo de teatro criado por iniciativa do advogado, dramaturgo, escritor, encenador e político Jaime Gralheiro (1930-2014), "com uma peça que já esteve em sala, mas que vai regressar, porque faz todo o sentido. Trata-se de ‘O antigo teatro’ e conta um pouco da história deste espaço”, anunciou Teresa Sobrinho.

No dia seguinte, 7 de junho, haverá um espetáculo comemorativo do centenário de Carlos Paredes, nascido em 16 de fevereiro de 1925 (morreu em 23 de julho de 2004), um tributo de Luísa Amaro.

“Ou seja, vamos ter aqui, nestes dois dias, um teatro e um espetáculo mais musical, para assinalar os 100 anos do nosso cineteatro”, reforçou Teresa Sobrinho.

Antes, em março, inicia-se o ciclo do teatro, com o Cénico a apresentar “Até que a boda nos separe”, e “depois há também atividades que não são da responsabilidade da Câmara, mas que vão acontecer no cineteatro”.

No mês de abril haverá ‘stand up comedy’ com Joel Ricardo Santos e, para encerrar os 50 anos do 25 de Abril, há, na noite de 24, o espetáculo “São Pedro do Sul canta e conta Abril”. No Dia da Liberdade, a tarde é para o concerto "Vozes da Terra mais Serenata ao Luar".

O 25 de Abril é, igualmente, uma “data marcante” para o espaço originalmente designado Cineteatro São Pedro e que, desde 25 de abril de 2014, é chamdo Cineteatro Jaime Gralheiro.

“Uma homenagem ao advogado, dramaturgo e encenador sampedrense que tanto marcou esta região e que morreu pouco tempo depois de fazermos essa homenagem", em 20 de junho de 2014. "Inclusive fizemos aqui o seu velório. A família disse que parecia que estava à espera desse reconhecimento”, admitiu Teresa Sobrinho.

Jaime Gralheiro, que nasceu em 7 de julho de 1930 em São Pedro do Sul, fundou o Cénico - Grupo de Teatro Popular em 1971, com o qual pôs em cena não só as suas próprias peças, como "Onde Vaz, Luís?", "Arraia Miúda" e "Farruncho", para crianças, mas também obras de autores como Gil Vicente e Molière, Federico García Lorca e Ariano Suassuna.

Gralheiro também foi pioneiro do cineclubismo na sua terra natal com a criação Sociedade Particular dos Amigos do Cinema, que remonta ao início dos anos de 1960. Nessa altura fez parte das listas da oposição democrática à ditadura, nas eleições de 1965 e 1969.

Hoje, a vereadora da Cultura, Teresa Sobrinho, admitiu ainda que a programação do Cineteatro Jaime Gralheiro será “mais intensa e terá mais novidades” ao longo do ano, “também muito para atrair mais pessoas” ao espaço.

"Ainda hoje há pessoas com idade que entram [no cineteatro] e admitem que é a primeira vez” que o visitam.

“E isso percebe-se até pela admiração que mostram perante a beleza desta sala. E não é só trazer o público aqui, é também convidar as associações a aproveitarem este ano para apresentarem nesta sala os seus trabalhos”, acrescentou Teresa Sobrinho.