O realizador e produtor português Nuno Beato está a produzir uma nova longa-metragem de animação, um filme de época sobre escravatura, colonialismo e liberdade, contou à agência Lusa.

“Speransa” ("Esperança", em crioulo) é o título do projeto ainda em desenvolvimento pela produtora Sardinha em Lata, com argumento de Gisela Casimiro e Rafael Calça, realização de Nuno Beato e que será feito em animação 2D e ‘stop motion’.

Segundo Nuno Beato, o filme aborda “um lado da História de Portugal que é menos contado e que até tem estado um pouco nas notícias”, sobre a relação de Portugal com os países colonizados.

Segundo a sinopse, “Speransa” conta a história de “uma corajosa menina de nove anos, originária de uma ‘tabanka’ no que seria a atual Guiné-Bissau”, que é separada da família e levada num navio de escravos, onde se juntará a outros escravizados numa luta pela liberdade e pela sobrevivência.

A história é ficcional, mas remete para um tempo histórico no século XVI, em particular nos territórios da Guiné-Bissau, onde foi construído o forte de Cacheu, “estratégico para o tráfico negreiro praticado pela Coroa Portuguesa”, refere a sinopse da Sardinha em Lata.

No trabalho de pesquisa, a produção contou com apoio do Centro de Estudos Africanos, em Lisboa, até porque "é um tema sensível e não há muita informação sobre África. Há muita informação do lado europeu, no caso do lado português, mas há poucas informações sobre como é que a sociedade estava organizada, sobre as pessoas”, disse Nuno Beato.

O produtor e realizador levará uma pequena amostra de “Speransa” ao Festival de Cinema de Animação de Annecy, em junho, em França, porque o projeto foi selecionado para o programa oficial de apresentações (‘pitching’) a profissionais.

Nuno Beato procura parceiros de coprodução, nomeadamente de produtoras europeias, mas não revelou ainda o orçamento e o cronograma para rodagem.

“Speransa” é a segunda longa-metragem de animação assinada por Nuno Beato, depois de, em 2023, ter estreado “Os demónios do meu avô”, coproduzido com Espanha e França e que contou com um milhão de euros de apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual.

Este filme passou por vários festivais, nomeadamente o de Annecy e o Festival de Sevilha, em Espanha, país onde esteve nomeado para os prémios Goya.

O Festival de Cinema de Animação de Annecy, que tem este ano Portugal como país convidado, decorrerá de 09 a 15 de junho.