A razão da retirada da Netflix de todas as seleções de Cannes acontece por falta de acordos sobre as normas de difusão em França.
Mas a decisão não muda nada: o festival recusou-se a apresentar dois filmes da plataforma, um em competição e outro na secção paralela, e a Netflix, que já conquistou grandes nomes do cinema como Martin Scorsese, já não aparece na famosa montra de Cannes.
Os organizadores não revelaram o filme que poderia ter competido pela Palma de Ouro, mas divulgaram que o segundo era "The other side of the wind", obra inacabada de Orson Welles, cuja pós-produção foi financiada pela Netflix. A ausência foi lamentada pela filha do realizador.
Tudo começou bem, quando Cannes incluiu no ano passado, pela primeira vez na competição, dois filmes da Netflix, "Okja", do sul-coreano Bong Joon-ho, e "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach.
Um detalhe importante criou a polémica: a Netflix recusou-se a aplicar a lei francesa, que exige que as plataformas esperem três anos entre a estreia do seu filme nas salas de cinema e a difusão para os seus assinantes e decidiu não exibir os filmes nos cinemas franceses.
Os organizadores do Festival de Cannes decidiram estabelecer uma nova regra: qualquer filme em competição deverá ser exibido no grande ecrã.
A Netflix, que tem 125 milhões de assinantes no mundo, disse estar aberta a fazer isso, mas não garantiu o prazo de três anos.
"Queremos que os nossos filmes estejam em pé de igualdade com os demais", disse em entrevista à Variety Ted Sarandos, diretor de conteúdos da Netflix, acrescentando que o festival precisa de "se modernizar".
"É uma pena", lamentou o delegado geral do festival, Thierry Frémaux, convidando a Netflix a "continuar o diálogo".
Apesar disso, a Netflix abre caminho noutros festivais. Em 2015, apresentou na Mostra de Cinema de Veneza o filme "Beasts of no nation", com Idris Elba, e ganhou o Grande Prémio no Festival de Sundance em 2017, por "I Don't Feel at Home in This World Anymore", com Elijah Wood.
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