Para além de seções tradicionais, como a Competição Internacional e a Transmission, dedicada à música, a edição deste ano conta com um especial intitulado “Ficções do Real”, retrospetivas dedicadas ao britânico Chris Petit, ao argentino Matías Piñeiro e aos portugueses António Reis e Margarida Cordeiro. Daniel Ribas esteve à conversa com o SAPO Mag.
O Porto/Post/Doc exibe uma vitalidade do cinema português que nem sempre é óbvio aos próprios portugueses. O que podem adiantar sobre o novo trabalho do Rodrigo Areias, "Hálito Azul" e sobre o cinema lusitano em geral a ser exibido no festival?
O novo filme do Rodrigo Areias, que será uma estreia mundial, é um objeto híbrido, mas interessante, que leva o trabalho do cineasta para novos territórios. É um documentário sobre pescadores nos Açores, mas também é uma ficção com referências a obras de Raul Brandão sobre esta geografia.
Para além deste filme, teremos uma apreciável diversidade de obras portuguesas. Temos documentários sobre bandas – como os Pop Dell’Arte e os PAUS –, filme recentes com uma circulação internacional já apreciável – como “Terra Franca”, de Leonor Teles; ou “Extinção”, de Salomé Lamas – e até um clássico muito especial: “O Chico Fininho”, de Sérgio Fernandes, um retrato do Porto dos anos 80
Há uma concentração de festivais em Lisboa e no Porto o "Porto/Post/Doc" tem conseguido estabelecer o seu espaço num panorama em geral não muito auspicioso. Como vocês vêm essa trajetória dentro do panorama cultural da cidade?
O Porto, nos últimos anos, tem crescido exponencialmente na sua oferta cultural. O Porto/Post/Doc faz parte desse panorama e tem contribuído para que o cinema volte à baixa (para além do festival, temos também a iniciativa regular Há Filmes na Baixa!). Para além disso, este ano acrescentámos o Cinema Trindade aos nossos locais habituais – o Rivoli e o Passos Manuel – dando sequência, precisamente, a essa valorização do cinema e da programação cultural do Porto.
O formato da "docuficção" tem sido uma das mais relevantes tendências do cinema alternativo ao longo do século XXI e vocês decidiram mesmo lhes dedicar uma seção inteira. Por que acham que isso aconteceu e por que decidiram destacar esse formato?
O Porto/Post/Doc tem, no seu próprio nome, uma filosofia marcada por formatos híbridos. Este ano, quisemos destacar as “Ficções do Real” precisamente porque é um desses modelos híbridos que nós gostamos especialmente. E isso contamina toda a nossa programação, desde a Competição Internacional, passando pelas nossas retrospetivas e focos (em especial, a retrospetiva António Reis/Margarida Cordeiro ou os focos em Matías Piñeiro e Chris Petit).
Quer destacar alguns filmes?
Temos dois filmes que chamarão a atenção do grande público. A abrir o festival, exibiremos Kaiser: The Greatest Footballer Never to Play Football, um retrato incrível de um jogador de futebol brasileiro que fez quase toda a sua carreira sem pisar um relvado. É uma história divertida e comovente. A fechar, exibiremos Sign “o” The Times, um concerto de Prince que volta agora à vida e que mostra o artista no auge da sua carreira.
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