Pelo menos uma dezena de filmes portugueses está já no calendário de estreias nos cinemas nacionais em 2025, entre os quais “On Falling”, de Laura Carreira, e “Camarada Cunhal”, de Sérgio Graciano.
De acordo com dados reunidos pela agência Lusa, fornecidos por distribuidoras e produtoras, a 23 de janeiro estreia-se “Banzo”, de Margarida Cardoso, uma ficção de época passada em 1907 algures numa ilha tropical africana, que retrata a relação violenta entre colonos portugueses e negros em trabalho escravo.
No filme, Carloto Cotta interpreta um médico da metrópole, enviado para a ilha, para curar um grupo de escravos negros, embarcados à força para plantações e que estão a morrer por causa de uma profunda tristeza.
“O que eu tento fazer no filme é um pouco relembrar que a violência está em todo o lado: a forma como as pessoas comunicam, as ligações de poder, não só entre negros e brancos, mas também entre os portugueses pobres e os que têm poder. É uma coisa muito feudal”, afirmou Margarida Cardoso à Lusa em maio passado, quando o filme passou no festival no IndieLisboa.
“Banzo”, produzido por Uma Pedra no Sapato, conta ainda no elenco com Hoji Fortuna, Matamba Joaquim e João Pedro Bénard.
A 30 de janeiro estreia-se “Noites Claras”, filme do realizador e investigador Paulo Filipe Monteiro, produzido pela Ukbar Filmes.
“O filme conta a história de dois irmãos – Lídia e Lauro -, num momento em que ambos se redescobrem, enfrentam os seus problemas e passam por uma transformação interior profunda”, refere a sinopse.
O elenco integra Beatriz Godinho, Duarte Melo, Romeu Runa, Lídia Franco e António Durães, entre outros atores.
Em fevereiro, no dia 20, chega aos cinemas o filme “Longe da Estrada”, de Hugo Vieira da Silva, correalizado com Paulo MilHomens e produzido pela Leopardo Filmes.
Adaptado de textos do médico e poeta francês Victor Segalen, o filme “é uma sublime visão da obra, vida e contradições do grande pintor Paul Gauguin e uma análise moderna da relação entre colonizadores e colonizados”, descreve a produtora.
Depois de ter sido premiada em Espanha, Grécia e Reino Unido, “On Falling”, a primeira longa-metragem de ficção da realizadora portuguesa Laura Carreira, tem estreia marcada em Portugal a 27 de março.
Em “On Falling”, a figura central é Aurora, uma jovem mulher portuguesa emigrada na Escócia, que trabalha num armazém, num trabalho monótono, precário e profundamente desumanizado, e se depara com dificuldades em subsistir mensalmente e em socializar, numa casa partilhada com outros imigrantes.
“On Falling” foi já exibido e premiado em vários festivais, nomeadamente no de San Sebastián (Espanha), no de Londres e no Festival de Salónica, na Grécia, onde Joana Santos venceu o prémio de melhor atriz.
Para 24 de abril está já marcada a estreia de “Camarada Cunhal”, novo filme de Sérgio Graciano, de pendor biográfico, produzido pela SkyDreams, à semelhança de “Soares é fixe” e “Salgueiro Maia – O implicado”.
Neste, o protagonismo vai para o político Álvaro Cunhal, interpretado pelo ator Romeu Vala, e para um período particular em ditadura, durante o qual o líder histórico do PCP esteve detido, e em que planeou a fuga do Forte de Peniche.
Em abril, embora ainda sem data, deverá estrear-se “Portugueses”, um musical de Vicente Alves do Ó sobre democracia e liberdade, interpretado por 50 atores e atrizes.
De acordo com a produtora Ukbar Filmes, o filme celebra o 25 de Abril de 1974, “olhando para os próximos 50 anos de Democracia, promovendo uma reflexão essencial e urgente sobre a importância da Liberdade e da justiça social em qualquer sociedade”.
O musical inclui mais de uma dezena de temas “que são parte do cancioneiro nacional, que se transformaram em ação e derrubaram uma ditadura”, como “Que força é essa”, de Sérgio Godinho, “Canção do Soldado”, interpretada por Adriano Correia de Oliveira, e “Grândola Vila Morena”, de José Afonso.
A 29 de maio estreia-se “Sonhar com leões”, uma comédia negra do realizador português Paolo Marinou-Blanco, produzida pela Promenade, e que aborda a eutanásia.
O filme cruza os caminhos de duas pessoas que desejam morrer: Gilda, que já tinha tentado o suicídio, e Amadeu, que tem uma doença terminal.
Os papéis são interpretados pela atriz brasileira Denise Braga e pelo ator português João Nunes Monteiro, a quem se juntam ainda, no elenco, Victoria Guerra, Joana Ribeiro, Dinarte de Freitas e Sandra Faleiro, entre outros.
Também com produção da Promenade e de Manilha Filmes, a 19 de junho chega aos cinemas “Hotel Amor”, comédia do realizador Hermano Moreira, brasileiro radicado em Portugal.
“Quando o hotel onde a ‘workaholic’ Catarina trabalha é vendido, ela deve demonstrar a sua competência a comandar funcionários nada profissionais, atender aos caprichos dos excêntricos hóspedes e lidar com fantasmas do passado trazidos pela visita de um amigo inesperado”, lê-se na sinopse.
Catarina, a gerente do hotel, é interpretada por Jessica Athayde, à frente de um elenco que inclui ainda Júlia Palha, Margarida Corceiro, Vera Moura, Lucas Dutra e Francisco Froes.
Para 14 de agosto está marcada a estreia de “Pátio da saudade”, uma comédia musical de Leonel Vieira sobre o teatro de revista. Sara Matos e José Raposo fazem parte do elenco.
No panorama do cinema lusófono, assinala-se a estreia, a 16 de janeiro, de “Ainda Estou Aqui”, o filme brasileiro de Walter Salles, inspirado no livro autobiográfico de família do autor Marcelo Rubens Paiva.
A história trata da relação do autor com sua mãe, Eunice Paiva, uma advogada que se tornou ativista política na sequência da prisão e desaparecimento do seu marido, pela ditadura militar brasileira (1964-1985), o que acabou por a levar também à prisão, com uma das suas filhas.
O filme, protagonizado por Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro, está nomeado para os Globos de Ouro e também está na corrida para os Óscares.
No dia 30 de janeiro, chega aos cinemas portugueses a coprodução portuguesa “Nome”, do realizador guineense Sana Na N’hada.
Exibido em Cannes, em 2023, e este ano no festival IndieLisboa, o filme fala da Guiné-Bissau em 1969, durante a guerra de libertação contra o colonialismo português e apresenta Nome, que deixou a sua aldeia para se juntar à guerrilha do PAIGC. Anos depois, Nome regressa à aldeia como herói, mas a alegria do retorno dá lugar à amargura e ao cinismo.
Este calendário de estreias conta com informações disponibilizadas pelas distribuidoras NOS Audiovisuais e RisiFilm, e por produtoras como a Leopardo Filmes, Ukbar Filmes, Uma Pedra no Sapato e SkyDreams.
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