
O lendário cineasta, de 81 anos, foi recebido com uma ovação num auditório com capacidade para 6.500 pessoas, muitas das quais fizeram fila durante horas para garantir um lugar.
Lucas nunca tinha visitado a convenção, apesar das suas franquias "Star Wars" e "Indiana Jones" estarem profundamente enraizadas na cultura da Comic-Con.
"Esperámos cinco décadas por isto", disse a atriz e cantora Queen Latifah, moderadora do painel em que Lucas participou.
A Comic-Con, que reúne cerca de 130 mil fãs todos os anos na Califórnia, tornou-se uma plataforma importante para que os estúdios e as suas estrelas apresentem os seus lançamentos de cinema e televisão.
Mas Lucas chegou ao famoso Salão H para falar do "Museu Lucas da Arte Narrativa", fundado por ele e pela sua esposa, a empresária Mellody Hobson, e que abrirá portas em Los Angeles no próximo ano.
"Comecei a colecionar arte desde os tempos da universidade", contou Lucas, que possui um acervo com dezenas de milhares de peças.
"Faço isso há mais de 50 anos e, de repente, pensei: o que vou fazer com tudo isto? Porque recuso-me a vender. Nunca conseguiria fazê-lo; não é aquilo em que acredito que a arte deva ser. A arte é sobretudo uma ligação emocional", acrescentou.
Lucas definiu o museu como "um templo para a arte popular", e este irá exibir o trabalho de ilustradores como Norman Rockwell, Jessie Willcox Smith, Maxfield Parrish e N.C. Wyeth, obras de Frida Kahlo, Jacob Lawrence, Charles White e Robert Colescott, e ainda peças de caricaturistas e artistas como Winsor McCay, Frank Frazetta, George Herriman e Jack Kirby.
O museu também contará com artefactos das produções que elevaram George Lucas ao panteão do cinema, entre outras peças exclusivas.
Para o cineasta, trata-se de uma homenagem à importância da narrativa.
"Quando nasceste, o ponto de referência é o medo. E à medida que avanças na vida, as coisas despertam curiosidade, especialmente aquelas que não compreendes e que, por isso, representam uma ameaça. Como resultado, crias histórias para te sentires melhor", refletiu.
"Momento crítico"
Lucas conversou com os premiados Guillermo del Toro (“O Labirinto do Fauno”, “Hellboy”) e Doug Chiang, artista que moldou o emblemático universo de "Star Wars" durante décadas.
Del Toro, que lançará o seu "Frankenstein" em novembro, disse que muitas das peças do museu celebram a liberdade e a anarquia.
O mestre do fantástico afirmou que a coleção exibida refletirá como uma forma de expressão explica o mundo contemporâneo.
"Estamos num momento crítico em que uma das coisas que querem apagar é o passado. Isto (o museu) é uma celebração de um momento popular, vibrante, expressivo e eloquente do nosso passado visual, que pertence a todos nós", declarou.
Para Del Toro, a iniciativa de Lucas é crucial em tempos em que é mais urgente destacar a importância da expressão individual.
"Uma das coisas que considero opressivas é quando dizem que se pode fazer arte com uma aplicação. Desculpem, mas não se pode", comentou, referindo-se às ferramentas de inteligência artificial (IA).
"A diferença está na personalidade, no conhecimento e na emoção. São três coisas que têm de existir e, desculpem, não vêm numa maldita aplicação", prosseguiu, aplaudido pelo público.
"Que painel!", exclamou Jesse Goldwater, que viajou de Los Angeles para o evento. "Eles são a personificação da Comic-Con; sem eles, a Comic-Con não existiria", acrescentou.
A San Diego Comic-Con 2025 termina este domingo.
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