![Documentário](/assets/img/blank.png)
O documentário “A Toca do Lobo”, no qual a realizadora Catarina Mourão explora segredos familiares, partindo do avô, o escritor Tomaz de Figueiredo, estreia-se hoje, em sala, depois de premiado no IndieLisboa e no festival Filhos do Homem.
O filme fica em exibição em Lisboa nos Cinema City Alvalade e Cinema Ideal, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, em Leiria, no Cinema City, e no Charlot, em Setúbal, num esforço que a realizadora classificou como 'uma grande tarefa', lamentando que os públicos estejam a deixar as salas de cinema.
“A Toca do Lobo” partiu do projeto de doutoramento de Catarina Mourão, 'mas é um filme completamente autónomo e por isso é que está no cinema', sendo 'quase um ‘thriller’', numa 'exploração pelo universo do onírico'.
![](/assets/img/blank.png)
Mourão começou por entrevistar pessoas sobre os seus sonhos, inclusivamente criando uma página de Facebook chamada 'Arquivo de Sonhos', ao mesmo tempo que abordava as pessoas mais próximas, como a própria mãe, que revelou ter feito uma sessão de hipnose há 20 anos, na qual reencontrou o pai, o escritor Tomaz de Figueiredo, autor do livro que dá nome ao filme.
'Há múltiplas questões que o filme levanta. Desde a procura da verdade à forma como cristalizamos memórias, como podemos revê-las', explicou a realizadora à agência Lusa, antes de acrescentar que o filme vai além da sua própria família, ao captar 'o que ela tem de mais universal e transcender a pequenez daquela família e da sua especificidade'.
O documentário mostra o percurso das relações da família da realizadora – que é participante ativa no filme, além de dar voz à narração – à medida que leva o espectador a assistir às dificuldades de interação entre Tomaz de Figueiredo e os seus filhos, em particular depois de ser internado num hospital psiquiátrico.
![](/assets/img/blank.png)
'Optar por falar sobre nós ou sobre o eu, se não for um exercício de puro narcisismo, tem a vantagem de podermos ir mais fundo, porque também há uma certa arrogância quando estamos só a filmar o outro, e achamos que podemos filmar o outro', afirmou a realizadora que se sentiu 'convocada' para fazer “A Toca do Lobo”, a partir do momento que descobriu, em imagens de arquivo, Tomaz de Figueiredo a mostrar a coleção de saquinhos de cachimbo e a questionar se um dia uma neta sua, talvez de nome Catarina, poderia vir a brincar com elas – antes de Catarina Mourão ter nascido.
Questionada, como pergunta no filme, sobre se o avô gostaria da obra, Mourão responde o seguinte: 'A personagem que sai do filme de quem é o meu avô também é uma construção. A minha intuição diz-me que, tendo em conta a escrita dele, que era tão autobiográfica, parece-me que sim, que haveria de ficar contente com o uso que fiz da herança que ele me deu.'
Agora a trabalhar numa curta-metragem sobre a qual a única coisa que diz poder revelar é o facto de também partir de imagens de arquivo, embora em registo ficcional, sobre 'a vivência da praia', Catarina Mourão espera 'que as pessoas tenham a curiosidade de ir ver' “A Toca do Lobo”: 'Acho que não se vão arrepender'.
Trailer.
Comentários