A longa-metragem de 1939 sobre a Guerra Civil americana, que venceu oito Óscares, incluindo o de Melhor Filme e o de Melhor Atriz Secundária (para Hattie McDaniel, que se tornou na primeira mulher negra a ser nomeada e a ganhar uma estatueta dourada), continua a ser um dos maiores sucessos de bilheteira de todos os tempos (quando são calculados os ajustes pela inflação), mas a sua representação de escravos conformados e heróicos proprietários de escravos é alvo de críticas.
"'E Tudo o Vento Levou' é um produto do seu tempo e contém alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana", afirmou um porta-voz da HBO Max num comunicado enviado à AFP.
"Estas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje, e sentimos que manter este título disponível sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável", completou.
O período histórico no qual se desenvolve a ação é um capítulo ainda controverso na sociedade norte-americana, já que os Estados dos Sul queriam proclamar a independência, negando-se a abolir a escravatura.
Quando a atriz Hattie McDaniel ganhou o Óscar pela interpretação de uma escrava no filme, teve de sentar-se na cerimónia separada do restante elenco do filme, devido às leis de segregação racial.
Várias manifestações aconteceram nos Estados Unidos após a morte, a 25 de maio, do afro-americano George Floyd durante uma ação policial, com pedidos de reforma das forças de segurança e da remoção de símbolos do legado racista, incluindo alguns monumentos.
O autor de "12 Anos Escravo", John Ridley, escreveu, num artigo publicado no jornal Los Angeles Times na segunda-feira que "E Tudo o Vento Levou" deveria ser retirado porque "não fica apenas aquém da representação, mas ignora os horrores da escravidão e perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor".
Apesar de ter retirado o filme, a HBO Max já indicou que ele será novamente disponibilizado novamente na plataforma de streaming que foi lançada recentemente, numa data ainda a ser definida, juntamente com uma discussão do seu contexto histórico.
Mas nenhum corte será feito na longa-metragem, "porque fazer isso seria como dizer que estes preconceitos nunca existiram".
"Se vamos criar um futuro mais justo, equitativo e inclusivo, devemos primeiro reconhecer e entender a nossa história", afirmou a HBO Max.
Na terça-feira, a Paramount Network anunciou o cancelamento da série "Cops". O programa acompanhou polícias americanos em ação durante mais de três décadas, mas foi acusado de tentar glamorizar alguns aspectos do trabalho policial e distorcer assuntos relacionados com a raça.
A britânica BBC retirou da sua plataforma de streaming episódios da série de humor “Little Britain”, que incluíam um personagem com ‘blackface’ (quando um caucasiano pinta a cara de preto para representar alguém de raça negra).
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