
“Toda a música que alguma vez criei agora pertence-me", escreveu a artista numa carta manuscrita publicada no seu site oficial, onde agradece aos fãs pelo apoio "apaixonado" ao longo dos anos em que lutou para recuperar os direitos dos seus primeiros discos de estúdio, após a venda da editora com a qual estava contratualmente ligada.
A conquista inclui "os videoclipes, os filmes dos meus concertos, as capas e as sessões fotográficas dos álbuns, as canções nunca lançadas, as memórias, a magia, a loucura. Cada digressão. O trabalho de toda a minha vida", explicou a artista.
"Dizer que realizei o meu maior sonho é pouco", afirmou a superestrela de 35 anos, que iniciou a sua carreira na música country. "Tudo o que sempre quis foi a oportunidade para trabalhar o suficiente para um dia poder comprar a minha música sem compromissos, sem parcerias, com total autonomia", acrescentou.
De acordo com a revista Billboard, Swift pagou ao fundo de investimento Shamrock Holdings – o mais recente detentor dos direitos sobre a sua música – 360 milhões de dólares para readquirir os seus masters.

Este acordo coloca um ponto final numa disputa que teve início no verão de 2019, quando o magnata da indústria musical Scooter Braun comprou a Big Machine, a editora que lançou os primeiros seis álbuns da cantora. Braun viria a revender os direitos ao fundo Shamrock Holdings por cerca de 300 milhões de dólares.
Nos últimos anos, a artista regravou com grande sucesso quatro dos seus álbuns, lançando versões com o selo "Taylor’s Version" como forma de desvalorizar as gravações originais.
"Reputation" (2017) já foi parcialmente regravado, enquanto que a nova versão do seu disco de estreia já está terminada. "E o 'Reputation (Taylor’s Version)'? Vou ser totalmente transparente: ainda não regravei um quarto do álbum (...) Para ser totalmente honesta, é o único álbum dos primeiros seis que achei que não podia ser melhorado ao ser regravado. Nem a música, nem as fotos, nem os vídeos. Por isso fui adiando", contou na carta.
"Haverá um momento (se acharem boa ideia) para que as faixas 'Vault' inéditas desse álbum possam ganhar vida. Já regravei por completo o meu álbum de estreia, e adoro como soa agora. Esses dois álbuns ainda podem ter o seu momento para ressurgir quando for a altura certa, se isso vos entusiasmar", acrescentou.
"Mas, se acontecer, não será a partir de um lugar de tristeza ou saudade por aquilo que gostava que tivesse sido. Será, simplesmente, uma celebração agora", frisou.
"Sem amarras"

"Tudo o que sempre quis foi ter a oportunidade de trabalhar o suficiente para, um dia, poder comprar os direitos da minha música, sem amarras, sem associações, com total autonomia", escreveu Taylor Swift.
A autora de "All Too Well" agradeceu aos fãs e à bem-sucedida digressão "The Eras Tour", que terminou em dezembro de 2024, após dois anos, 179 concertos e uma receita total superior a 2 mil milhões de dólares (cerca de 11,4 mil milhões de euros). Foi, disse, essa digressão que lhe permitiu comprar de volta a sua música.
A artista agradeceu ainda ao fundo Shamrock por ter aceitado negociar. "Para eles, isto era um negócio, mas senti que eles viram o que era para mim: As minhas memórias, o meu suor, a minha letra e as minhas décadas de sonhos", frisou Taylor Swift.
A disputa – amplamente mediatizada – e a decisão da cantora de regravar os seus primeiros trabalhos reacenderam o debate sobre os direitos de propriedade intelectual dos artistas e os contratos frequentemente desfavoráveis que muitos assinam no início das suas carreiras.
O detentor dos chamados masters – as gravações originais a partir das quais são feitas cópias em CD, vinil ou digital – tem poder sobre como e onde as músicas são comercializadas e reproduzidas.
O selo Big Machine, sediado em Nashville, lançou "Fearless" em 2008 – o primeiro grande sucesso de Taylor Swift, que fundia pop com country e que lhe valeu quatro Grammys, incluindo o de Álbum do Ano. O disco vendeu mais de 10 milhões de cópias nos EUA.
Pouco antes de o conflito com Scooter Braun se tornar público, Swift assinou um novo contrato com a Universal Music, que lhe garante, desde então, o controlo total sobre os seus masters.
Comentários