Esta quinta-feira, as estrelas de Hollywood George Clooney e Emma Stone vão dominar o palco do Lido de Veneza, apresentando os seus mais recentes filmes, ambos na corrida ao Leão de Ouro, na 82.ª edição da Mostra.

As nuvens que cobrem parcialmente o céu veneziano por estes dias não diminuíram o esplendor do festival, uma vez que Clooney, de 64 anos, marca presença na estreia de "Jay Kelly", com o qual Noah Baumbach concorre ao prémio máximo do festival.

No filme, Clooney interpreta um ator famoso que sofre de uma crise de identidade. Ao lado do seu dedicado agente, interpretado por Adam Sandler, embarca numa viagem pela Europa que permitirá aos dois refletir sobre os seus sucessos e fracassos, as suas relações familiares e o mundo que deixarão às gerações futuras.

E as multidões de espectadores e fãs que todos os dias montam guarda na passadeira vermelha também viverão o seu momento de glória quando Emma Stone aparecer para a apresentação de "Bugonia", a sua nova colaboração com o realizador grego Yorgos Lanthimos.

Este filme de ficção científica conta a história do rapto de uma executiva suspeito de ser umaextraterrestre que procura destruir o planeta Terra.

Um filme anterior em que trabalharam juntos, "Pobres Criaturas", ganhou o Leão de Ouro em 2023.

"Bugonia" créditos: © 2025 Focus Features, LLC. All Rights Reserved.

Tanto "Jay Kelly" como "Bugonia" estão entre os 21 filmes que competem na seleção oficial deste ano. Um júri, liderado pelo cineasta Alexander Payne, anunciará os vencedores no dia 6 de setembro, no final do festival. O grupo inclui a atriz brasileira Fernanda Torres, a atriz chinesa Zhao Tao, o cineasta francês Stéphane Brizé, a cineasta italiana Maura Delpero, o cineasta romeno Cristian Mungiu e o cineasta iraniano Mohammad Rasoulof.

Outro filme que estreia esta quinta-feira e também concorre ao prémio é "Orphan", no qual o realizador húngaro László Nemes conta a história de Andor, um rapaz judeu no final da década de 1950 em Budapeste, criado sozinho pela mãe e com uma imagem idealizada do pai falecido. Todo o seu mundo é abalado quando um homem surge na sua vida afirmando ser o seu verdadeiro pai.

Gaza

Na secção de documentários, estreia "Ghost Elephants", o mais recente trabalho do realizador alemão Werner Herzog, que recebeu o Leão de Ouro pela carreira durante a cerimónia de abertura na quarta-feira.

O dia ficou marcado pela guerra na Faixa de Gaza, o que levou um recém-formado coletivo de profissionais do audiovisual, o Venice4Palestine (V4P), a exigir que o festival denuncie explicitamente a intervenção de Israel no território palestiniano.

O diretor artístico da Mostra, Alberto Barbera, insistiu que o evento é "um espaço de abertura e debate".

"Nunca hesitámos em exprimir claramente o nosso enorme sofrimento face ao que se passa na Palestina (...), com a morte de civis e, sobretudo, de crianças", acrescentou, sem mencionar diretamente o Governo israelita.

Este ano, não há filmes ibero-americanos na competição oficial; a maioria dos trabalhos inscritos de Espanha e da América Latina são apresentados nas secções paralelas Horizontes e Destaque, que se centram nas novas tendências.

Questionado sobre isso, Barbera disse à France-Presse que há "situações complexas que devem ser tidas em conta". Citou como exemplos o Brasil, que está "a sair de quatro anos de ditadura de [Jair] Bolsonaro, que fez todos os possíveis para relegar o cinema de arte brasileiro para segundo plano", e "a Argentina, onde o novo governo de [Javier] Milei cortou todo o financiamento".

Dos 12 filmes latino-americanos programados, entre longas e curtas-metragens, metade foi realizada por mulheres. Entre eles, estava o documentário "Nuestra Tierra", da realizadora argentina Lucrecia Martel, fora da competição.

Já a única presença portuguesa é “Aniki Bóbó”, o primeiro filme de Manoel de Oliveira, que vai ser exibido num programa dedicado a “obras-primas restauradas” com curadoria do próprio diretor artístico do festival.