"Djon África" e "Tempo Comum", duas ficções portuguesas marcadas pela realidade e com a família em pano de fundo, estreiam-se na sexta-feira, no Festival de Cinema de Roterdão, que decorre na Holanda.
"Djon África", primeira longa-metragem de ficção de Filipa Reis e João Miller Guerra, está integrada na competição oficial do festival, enquanto "Tempo Comum", de Susana Nobre, faz parte da secção competitiva "Bright Future" e ambos têm estreia mundial na sexta-feira.
Filipa Reis e João Miller Guerra voltaram à história de Miguel Moreira, jovem português descendente de imigrantes cabo-verdianos, que já tinha sido aflorada no documentário "Li Ké Terra", e filmaram uma ficção rodada entre o Casal da Boba, na Amadora, e Cabo Verde.
No filme, Djon África, a personagem que se pode confundir com a vida real de Miguel Moreira, viaja para Cabo Verde em busca das raízes familiares e do pai, que não conheceu.
"Queríamos usar um ponto de partida real para construir uma ficção, filmar no Casal da Boba era confortável e estávamos a usar sempre o mesmo método e processo. [...] Não nos interessa que o filme explique se é real ou ficcional", afirmou Filipa Reis à agência Lusa.
A realizadora contou que nesta história estavam interessados também em filmar a educação criola e a cultura cabo-verdiana de Miguel Moreira que, por conta de "Djon África", viajou pela primeira vez para Cabo Verde.
Os laços e as relações familiares são também referência no filme "Tempo comum", primeira ficção de Susana Nobre, depois de passar pelo registo documental.
Em "Tempo comum", e inspirada na sua própria história de maternidade, Susana Nobre filma a intimidade de um casal, não atores, que acaba de ter a primeira filha, acompanha as rotinas e o jogo de equilíbrios familiares.
À Lusa, Susana Nobre explicou que este "é um filme mais encenado, mais de argumento", adaptado às pessoas que escolheu para o interpretarem, mesmo que o foco seja a vida delas mesmas.
Susana Nobre queria filmar "esse lugar intimista do espaço em casa, esse movimento pendular das visitas" das pessoas que o casal acolhe durante esse período inicial da existência de um bebé na família.
"Queria essencialmente saber dessas histórias e filmar essa ideia prazerosa que é ter este tempo para nós, filmar alguém que está em casa e que ouve", sublinhou.
"Tempo comum" e "Djon África" são dois de mais de uma dezena de filmes de produção e coprodução portuguesa presentes no Festival de Cinema de Roterdão, iniciado na quarta-feira e que termina no dia 4 de fevereiro.
Além destas duas longas-metragens, em competição está também a curta-metragem "Miragem meus putos", de Diogo Baldaia.
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