Um super-herói do fascismo, que odeia comunistas e idolatra Oliveira Salazar, é o protagonista da comédia «Capitão Falcão», do realizador João Leitão, que se estreia hoje nos cinemas e abre o 12.º festival IndieLisboa.
Protagonizado por Gonçalo Waddington, o filme é uma paródia ao Estado Novo, com um super-herói que tenta a todo o custo manter a nação de Oliveira Salazar a salvo da ameaça dos comunistas, durante os anos 1960.
Nesta primeira longa-metragem, que chegará a 50 salas do circuito comercial, João Leitão quer pôr os portugueses a olhar outra vez para «um período negro» da História de Portugal, mas com sentido de humor.
«Há um terreno tão fértil para gozar no Estado Novo que, para mim, é surreal não ter sido mais usado na comédia. Uma série inteira, um filme inteiro, é bizarro para mim nunca ter acontecido», reconheceu em declarações à agência Lusa.
Na demanda contra comunistas, capitães de Abril, feministas e todos os que querem propagar a democracia, Capitão Falcão é acompanhado por Puto Perdiz, o ator David Chan Cordeiro.
O elenco de «Capitão Falcão» integra ainda Miguel Guilherme, José Pinto, Rui Mendes, Tiago Rodrigues, Luís Vicente, Carla Maciel e Ricardo Carriço, entre outros.
O filme será exibido no cinema São Jorge, em Lisboa, na abertura do festival IndieLisboa. À mesma hora, na Culturgest passa, também em estreia, a comédia «While we're young», de Noah Baumbach.
Até 3 de maio serão mostrados 260 filmes, dos quais 35 são obras portuguesas, numa programação com menor sobreposição de exibições e uma nova circulação entre salas, juntando a Culturgest, o Cinema São Jorge, a Cinemateca e, pela primeira vez, o Cinema Ideal.
A secção Herói Independente, uma das âncoras do festival, será dedicada à realizadora francesa Mia Hansen-Love e ao norte-americano Whit Stillman, estando prevista a presença de ambos em Lisboa.
Destaca-se ainda o filme «Aqui, em Lisboa», encomendado pelo festival e rodado na capital portuguesa por Denis Côté, Gabriel Abrantes, Dominga Sotomayor e Marie Losier.
A competição portuguesa conta com vinte filmes, dos quais quatro são longas-metragens: os documentários «Gipsofila», de Margarida Leitão, «A Toca do Lobo», de Catarina Mourão, «Uma Rapariga da sua Idade», de Márcio Laranjeira, e a ficção «Os Olhos de André», de António Borges Correia.
«Força Maior», do sueco Ruben Ostlund, fechará o IndieLisboa.
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