A estrela de Hollywood assistiu à estreia oficial do filme, na disputa pela Palma de Ouro, com a sua filha Dylan, a protagonista do drama, e o seu filho Hopper Jack, que tem um papel mais secundário.
“Confiamos no argumento, com uma história que pode surpreender-nos e que esperamos que surpreenda o público”, declarou o cineasta de 60 anos ao chegar à passadeira vermelha.
Baseado numa história verídica, "Flag Day" conta a vida de um pai, John Vogel (Sean Penn), que subsiste graças a pequenos furtos e não pode cuidar dos filhos.
Em 2016, o filme "The Last Face - A Última Fronteira", de Penn, protagonizado por Javier Bardem e Charlize Theron, foi tão criticado que nem chegou aos cinemas nos Estados Unidos.
O artista, que ganhou dois Óscares como ator, apareceu pela primeira vez na competição de Cannes com "A Mulher das Nossas Vidas" (1997), de Nick Cassavetes, pelo qual recebeu o prémio de melhor interpretação.
Com "Flag Day", o realizador concorre pela terceira vez à Palma de Ouro, após "The Last Face - A Última Fronteira" e "A Promessa" (2001).
A pior pessoa do mundo, freiras e coletes amarelos
"Flag Day" concorre com 23 outros filmes pelo principal prémio do festival, que será entregue no dia 17 de julho pelo júri presidido pelo cineasta norte-americano Spike Lee.
Até ao momento, estrearam-se sete títulos e a crítica já começou a posicionar-se. "Annette", o musical do francês Leos Carax com Adam Driver e Marion Cotillard que abriu a competição na terça-feira, é de longe o favorito.
Mas "The Worst Person in the World", o retrato subtil de uma mulher assombrada por dúvidas - o que estudar? Quem amar? O que fazer com tanta liberdade? -, atraiu a atenção como um espelho fiel da geração millennial, conquistando a aprovação geral.
Trata-se do último filme da trilogia ambientada em Oslo do norueguês Joachim Trier, interpretado por uma atriz até então pouco conhecida, Renate Reisnve.
Dois filmes baseados em factos reais e protagonizados por lésbicas também foram exibidos na sexta-feira, embora as suas semelhanças terminem aqui.
O primeiro, "Benedetta", esperado filme do holandês Paul Verhoeven, é um retrato de uma freira lésbica na Itália do século XVII.
Como as protagonistas femininas dos seus filmes anteriores "Instinto Selvagem" (Sharon Stone) e "Ela" (Isabelle Huppert), Benedetta, interpretada pela francesa Virginie Efira, desenvolve uma capacidade de manipulação que transforma a congregação em que vive desde criança.
"La fracture", por sua vez, resgata o fenómeno dos coletes amarelos em França, movimento de protesto social que em 2018 colocou o governo em apuros.
O filme, realizado pela francesa Catherine Corsini, recria um país em brasa: a cólera das classes populares, o seu divórcio das autoridades e, ao mesmo tempo, a homenagem às enfermeiras, que dão tudo de si nos serviços da emergência em troca de muita precariedade. Tudo isso com uma boa dose de humor.
Por outro lado, a atriz francesa Léa Seydoux, que protagonizou "A Vida de Adèle", de Abdellatif Kechiche, e que aparecerá no próximo James Bond, pode perder o festival, onde atua em quatro filmes, já que testou positivo para a COVID-19, disse no sábado um assessor de imprensa.
Na mostra paralela Um Certo Olhar, um dos dois filmes latino-americanos em disputa também se estreou na sexta-feira: "La Civil", da romeno-belga Teodora Ana Mihai, que poderia ser definido como ação, mas que conta a realidade crua da violência no México.
O Festival de Cannes, cancelado em 2020 devido à pandemia, é realizado sob rígidas medidas sanitárias e todos os participantes - exceto europeus vacinados - têm de realizar um teste PCR a cada 48 horas. Segundo os organizadores, quase nenhum caso da doença foi detetado. “Não há um foco em Cannes”, garantiu o diretor geral, Thierry Frémaux.
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