A caminho dos
Óscares 2025
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O sucesso mundial do filme de animação letão "Flow - À Deriva", já nos cinemas portugueses, sobre a jornada de um gato para escapar do aumento do nível das águas, apanhou de surpresa o seu realizador.
Gints Zilbalodis, que dirigiu a longa-metragem com um orçamento de 3,6 milhões de dólares (3,36 milhões de euros), superou gigantes da animação ao vencer o Globo de Ouro e comparece à cerimónia dos Óscares, no próximo domingo em Los Angeles, nomeado em duas categorias: Melhor Filme Internacional e Melhor Longa-Metragem de Animação.
"Nós pensámos que, na melhor das hipóteses, seríamos selecionados para alguns festivais e teríamos uma boa temporada de festivais", explicou Zilbalodis, de 30 anos, de passagem por Londres, à agência France-Presse (AFP).
O filme, sem diálogos, conta a história de um gato preto solitário que descobre que os humanos desapareceram e as águas estão a avançar ao seu redor.
Perante uma inundação repentina, inicia uma viagem com relutância, ao lado de outros animais, incluindo um cão golden retriever jovial e uma capivara imperturbável.
Para a Letónia, as duas nomeações são históricas. Até este ano, nenhum filme do país báltico de apenas 1,8 milhão de habitantes havia disputado um Óscar.
O reconhecimento internacional gerou uma "Flowmania" no país.
"Talvez estivéssemos no lugar certo e na hora certa", explica, com modéstia, Zilbalodis sobre as razões do sucesso.
Sons de animais
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A equipa optou por se concentrar nos animais e imitar o seu comportamento na vida real, uma decisão que os levou a ver vídeos de gatos e visitar o jardim zoológico como parte do trabalho de pesquisa.
Zilbalodis também decidiu usar os sons naturais dos animais no filme.
"Gravámos gatos e cães reais. E funcionou muito bem. Mas a única personagem que precisou um pouco de alguma ajuda extra foi a capivara", disse um membro da equipa.
O engenheiro de som tentou gravar o som do animal [o maior roedor do mundo] no jardim zoológico, mas descobriu que as capivaras são normalmente tranquilas e silenciosas.
"Um tratador teve que entrar e fazer cócegas na capivara", contou Zilbalodis, "o que é um trabalho muito bom", acrescentou a sorrir.
O resultado, no entanto, foi um som agudo que a equipa "Flow" considerou incompatível com a tranquilidade da capivara.
"Depois de pesquisar um pouco, decidimos pela voz de um camelo bebé", revela o realizador.
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Para Zilbalodis, um dos benefícios de trabalhar num pequeno estúdio independente é poder fazer ajustes inesperados e testar diferentes soluções para o filme.
"Se se está a fazer algo enorme, é como mudar o rumo de um navio muito grande, o que pode ser muito lento e caro", explica.
O próximo filme do realizador letão terá personagens humanas e, especialmente, diálogos, uma novidade para ele.
"Mas o importante é que continuemos a trabalhar de forma independente, e quero continuar a trabalhar no nosso estúdio na Letónia", enfatizou.
A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 2 de março, em Los Angeles, Califórnia, com apresentação de Conan O’Brien. Será transmitida em Portugal pela RTP1 e pela plataforma Disney+.
Após "Emília Pérez", seguem-se "O Brutalista" e "Wicked" com dez nomeações, "Conclave" e "A Complete Unknown" com oito, "Anora" com seis, "Dune - Duna: Parte 2" e "A Substância" com 5.
O SAPO também terá uma cobertura especial pela noite dentro com acompanhamento ao minuto, atualização de todos os vencedores e análise dos principais acontecimentos, da passadeira vermelha até à cerimónia.
VEJA O TRAILER DE "FLOW - À DERIVA".
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