O cineasta australiano George Miller descreveu a sua saga “Mad Max” como 'viciante' na segunda-feira, enquanto se prepara para estrear o quinto filme ambientado no seu mundo pós-apocalíptico de alta voltagem.

O aguardado “Furiosa: Uma Saga Mad Max”, lançado a 23 de maio em Portugal, é a história de origem da dura guerreira interpretada pela primeira vez por Charlize Theron em "Mad Max: Estrada da Fúria", o sucesso de bilheteira vencedor de seis Óscares de 2015.

A Furiosa mais jovem é interpretada por Anya Taylor-Joy, mais conhecida pelo público em geral pela série de sucesso da Netflix “Gambito de Dama”.

O filme terá uma glamorosa estreia mundial no Festival de Cinema de Cannes no início do próximo mês, mas Miller partilhou alguns detalhes iniciais sobre a prequela na convenção de cinema CinemaCon em Las Vegas na segunda-feira.

Miller disse que a ideia surgiu dos intensos preparativos de "Estrada da Fúria", para o qual esboçou detalhadamente a infância e as jornadas de cada personagem, com o objetivo de ajudar os atores e a equipa a navegarem pelo mundo.

“Tínhamos que entender tudo sobre o que vemos no ecrã – não apenas a história de cada personagem, mas cada acessório, cada veículo, cada gesto”, disse Miller.

Quando "Estrada da Fúria" foi um razoável sucesso, arrecadando 380 milhões de dólares e ganhando seis estatuetas douradas, Miller percebeu que a história do filme era "uma história rica para contar" por si só.

Na nova trama, a jovem Furiosa foi sequestrada da sua casa e vê-se envolvida numa batalha entre Immortan Joe – o vilão de “Estrada da Fúria” – e o seu rival Dementus, interpretado por Chris Hemsworth, famoso como o Thor no Universo Cinematográfico Marvel.

É a mais recente reviravolta num longo caminho para uma saga que começou com "Mad Max - As Motos da Morte", de 1979, protagonizada por um jovem Mel Gibson vestido de couro, que luta contra gangues de cruéis motards.

Na época, Miller trabalhava como médico na sua terra natal, a Austrália, e o jovem cinéfilo ficou profundamente afetado pelas muitas vítimas de acidentes rodoviários que encontrou no hospital.

Com um orçamento baixíssimo, Miller não tinha dinheiro para filmar nas grandes cidades e foi forçado a improvisar uma paisagem deserta pós-colapso social.

“Isso foi realmente uma sorte, mas porque acidentalmente, o filme – que de outra forma teria sido naturalista e na atualidade – acabou por ser mais alegórico, involuntariamente”, lembrou Miller, agora com 79 anos.

"E foi isso que levou a 'Mad Max', e é por isso que ainda os fazemos. Porque são muito viciantes", resumiu.

'Unicamente familiar'

"Mad Max - As Motos da Morte"

À época, o filme inicial arrecadou 100 milhões de dólares. O seu sucesso global levou a "Mad Max 2: O Guerreiro da Estrada" em 1981 e "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão" em 1985.

Os filmes violentos e de ritmo acelerado recorreram a uma linguagem visual que o público de todo o mundo poderia acompanhar sem precisar de muitas legendas ou dobragem.

“No Japão, 'Mad Max' era considerado uma espécie de samurai. Os franceses chamavam-no de 'western sobre rodas'. Na Escandinávia, ele era um Viking”, disse Miller.

Um quatro capítulo demorou muito para chegar, quando Miller experimentou filmes extremamente diversos, incluindo para a família, como "Um Porquinho Chamado Babe" e "Happy Feet".

"Estrada da Fúria" finalmente chegou em 2015. A personagem Max, agora interpretada por Tom Hardy, foi relegada para segundo plano em relação à dura Furiosa de Theron.

Com fortes temas feministas, efeitos de fazer cair o queixo e sequências de ação meticulosamente coreografadas, estreou no prestigiado festival de Cannes e recebeu 10 nomeações aos Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realização.

“Furiosa”, disse Miller ao público da CinemaCon, “é diferente”.

"Não se quer que um filme seja uma repetição do que acabou de fazer... ele tem que ser 'unicamente familiar', como gosto de dizer", esclareceu.

TRAILER LEGENDADO.