A caminho dos
Óscares 2023
"A Oeste Nada de Novo" foi publicado em 1929, baseado na experiência de Erich Maria Remarque como soldado alemão na Primeira Guerra Mundial. Alguns anos mais tarde, o romance seria banido e exemplares queimados pelo regime Nazi, partindo o escritor para um exílio na Suíça após ser declarado "inimigo do Estado" pelo sinistro ministro da propaganda Joseph Goebbels.
Foi preciso esperar quase 100 anos pela primeira adaptação ao cinema em alemão: uma super produção lançada pela Netflix está na corrida a nove Óscares na cerimónia de 12 de março, já depois de uma primeira versão americana ter ganhado a terceira estatueta dourada para Melhor Filme em 1929-1930.
Mas segundo o produtor do filme, a forte convicção da equipa de que a história da desumanização provocada pelo horror da guerra seria relevante em qualquer década foi ultrapassada por uma realidade que não imaginavam durante a rodagem na primavera de 2021, em Praga.
Atualmente, as imagens das trincheiras construídas para o filme encontram-se na Ucrânia, nomeadamente em várias divulgadas nos últimos dias de Bakhmut.
Mais de um século depois do fim da Primeira Guerra Mundial, repete-se a repetição da história de uma geração muito jovem de idealistas sacrificada numa fútil guerra perdida na Europa pelo desejo de conquista dos seus líderes: Malte Grunert vê um paralelismo evidente nos jovens soldados russos recém-recrutados enviados para a frente ocidental do seu país contra a Ucrânia, depois dos seus líderes lhes dizerem que se trata de uma causa digna e heroica pela qual se deve lutar e morrer.
"Quando decidimos fazer o filme, não era previsível a escalada da guerra na Ucrânia – realmente não tínhamos isso em mente”, explicou Grunert ao The Wrap.
“O que achámos relevante é a história de um jovem que é vítima da propaganda nacionalista de direita – acreditando que a guerra é uma aventura e que eles estão do lado certo. É uma história intemporal, que agora vemos ao vivo na Ucrânia”, destaca.
O filme já estava em pós-produção quando começou a guerra e Grunert diz que ele e os seus colegas sentiram simpatia pelo povo ucraniano, mas também ficaram impressionados com as semelhanças dos homens e adolescentes alemães que tinham retratado e os soldados russos.
"Provavelmente, a perspetiva do nosso filme está mais próxima da perspetiva dos jovens recrutas russos, que agora são enviados para a frente na Ucrânia como carne para canhão. Espero que ajude os espectadores a ver os soldados, mesmo os agressores, como vítimas dos seus próprios líderes", resumiu.
Comentários