«Estou surpreendido por ficar com o meu nome agarrado a este hospital, é um prémio muito a propósito porque a primeira coisa que a vida nos pede é a saúde e os médicos e os hospitais é que tratam disso. Um exemplo desse seu trabalho nesta civilização é o aumento da longevidade», disse
Manoel de Oliveira, que em Dezembro completa 103 anos.

Acompanhado da sua mulher, e na presença do secretário de Estado da Cultura,
Francisco José Viegas, o cineasta congratulou-se com a «manifestação carinhosa e simples» dos responsáveis da Faculdade de Medicina e do Hospital de S. João, mas sobretudo pelo «entusiasmo dos estudantes» das tunas feminina e masculina que o receberam com as capas no chão e lhes dedicaram várias canções.

«A minha profissão é de cineasta, é um nome pomposo mas chamam-me por vezes professor ou mestre. Eu ainda estou a aprender a fazer cinema, fazer cinema é muito complicado como, aliás, é a vida», acrescentou.

A anteceder o descerramento da placa
«Passeio Manoel de Oliveira Cineasta», realizou-se uma cerimónia na Aula Magna da Faculdade de Medicina, que incluiu a exibição do documentário
«Sem Cura – à saúde de Manoel de Oliveira».

Este trabalho, assinado por Regina Guimarães e Saguenail, resume as referências à temática da saúde presente na obra cinematográfica do realizador.

Os autores explicam que para a realização de «Sem Cura – À Saúde de Manoel de Oliveira», partiram da ideia de «inquirir a presença da medicina, sobre os mais diversos aspectos na obra do cineasta».

Apontam a presença da própria instituição hospitalar concreta (
«Aniki-Bóbó») ou metafórica (
«A Divina Comédia»), até à personagem do doente («
O Dia do Desespero»,
«Espelho Mágico»») ou do médico (
«Benilde ou a Virgem Mãe»,
«Vale Abraão»,
«Vou para Casa»,
«Cristovão Colombo - O Enigma»), passando por inúmeras situações de morte iminente (
«Francisca»,
«Non ou a Vã Glória de Mandar»,
«A Carta»), entre outras.

SAPO/Lusa