Em comunicado, o estúdio confirmou que o realizador, um dos gigantes da animação mundial, morreu na madrugada de quinta-feira, num hospital de Tóquio, onde tinha sido internado devido a um cancro do pulmão.

A notícia, agora confirmada pelo estúdio Ghibli, tinha sido avançada por vários meios de comunicação japoneses.

Nascido a 29 de outubro de 1935, Isao Takahata iniciou a carreira nos estúdios de animação Toei em 1959. Foi lá que conheceu Hayao Miyazaki. Já nos anos 70, e depois de assinar em 1968 a sua primeira longa-metragem, "Hols, O Príncipe do Sol", realizou séries de animação míticas como "Heidi" (1974), "Marco - Dos Apeninos aos Andes" (1976) e "Ana dos Cabelos Ruivos" (1979).

Em 1985, Takahata e Miyazaki fundaram o lendário Studio Ghibli, considerado o principal estúdio de animação japonesa do mundo, e cuja produção é uma referência incontornável e assumida para muitos dos maiores animadores do mundo, e continuamente elogiada por estúdios como a Pixar, a Disney e a Aardman.

"O Túmulo dos Pirilampos" (1988), a história de dois irmãos que lutam desesperadamente para sobreviver no Japão durante a Segunda Guerra Mundial, é considerado a sua obra-prima e porventura o filme mais comovente da história do cinema de animação.

Hotaru no haka / O Túmulo dos Pirilampos (1988, Isao Takahata)
Hotaru no haka / O Túmulo dos Pirilampos (1988, Isao Takahata) O Túmulo dos Pirilampos

Isao Takahata dirigiu ainda filmes tão elogiados como "Memórias de Ontem" (1991), "Pom Poko" (1994), "A Família Yamada" (1999) e, mais recentemente, "O Conto da Princesa Kaguya" (2013), uma adaptação de um conto popular datado do século X, considerado um dos textos fundadores da literatura nipónica.

Heidi série de animação japonesa 1974
Heidi série de animação japonesa 1974 Heidi

Nomeado para Óscar de Melhor Filme de Animação em 2015, "O Conto da Princesa Kaguya" conquistou o Grande Prémio Monstra para melhor longa-metragem da 14ª edição da Monstra – Festival de Cinema de Animação de Lisboa em 2015.

Takahata tinha anunciado, na estreia desta última obra, que este seria o seu último trabalho.

O realizador também foi ativista político, e assinou com outras 250 personalidades do cinema uma petição contra uma controversa lei sobre segredos de Estado em 2013.