«Sleep Dealer» e «Splinter» foram duas delas, exibidas no último dia da iniciativa.
Depois de um arranque na sexta-feira, com o elogiado
«Let the Right One In», do sueco Tomas Alfredson, a Mostra apresentou mais seis longas-metragens de várias origens ao longo do fim-de-semana.
«Sleep Dealer»: Um tecnológico mundo novo
«Sleep Dealer» tem tido alguma atenção a nível internacional, sobretudo pelos prémios e nomeações em festivais como os de Sundance ou Berlim. Percebe-se porquê, já que esta primeira longa-metragem do norte-americano Alex Rivera compensa a escassez de meios com alguma imaginação.
Assente num futuro próximo, segue a viagem de um jovem mexicano para Tijuana, onde tenta encontrar emprego para ajudar a família após a morte do pai, assassinado por suposta tentativa de sabotagem à construção de uma barragem na sua aldeia (embora as suspeitas tenham sido motivadas pelas actividades de hacking do protagonista).
Entre o drama e o thriller, Rivera desenvolve um interessante olhar sobre a imigração, o avanço tecnológico e a memória, e sai-se bem na criação de uma realidade futurista que tanto lembra a de «Estranhos Prazeres», de Kathryn Bigelow, como a de «ExistenZ», de David Cronenberg.
A abundância de boas ideias - da comercialização de recordações ao trabalho de operários à distância - e a energia visual gerada por um rigoroso trabalho de iluminação compensam alguns desequilíbrios, caso das amadoras sequências de acção ou de uma narrativa sem tanta ressonância dramática como se desejaria - mesmo que Luis Fernando Peña, parecido com um Javier Bardem com menos vinte anos, consiga gerar empatia pelo protagonista.
Por estas irregularidades, de resto naturais numa obra de estreia, Rivera não assina aqui o grande filme que «Sleep Dealer» poderia ser, mas ainda apresenta o suficiente para o colocar entre as boas surpresas da ficção científica recente.
«Splinter»: Uma tarde de romance e uma noite de terror
Um jovem casal, após ver frustrada a sua tentativa de acampar, tem um dia ainda mais atribulado quando é alvo de carjacking por dois assaltantes em fuga. Mas esta é só a primeira - e menor - das ameaças de
«Splinter», uma vez que os quatro viajantes são contemplados com uma noite para não esquecer quando se refugiam numa estação de serviço, na esperança de sobreviverem a uma estranha ameaça de criaturas espinhosas da floresta.
Exemplo de série-B despretensiosa e eficaz, este filme do britânico Toby Wilkins não tenta oferecer mais do que hora e meia de suspense, tarefa que cumpre sem surpreender muito mas também sem desagradar a quem não procure aqui mais do que isso.
A construção das personagens é um pouco mais sólida do que a de muitos títulos comparáveis, assim como o elenco de desconhecidos que se atira com convicção à espiral de acontecimentos mais ou menos aterradores.
E como felizmente não se leva muito a sério, «Splinter» ainda serve alguns momentos de humor negro, resultando num divertimento longe de obrigatório mas aceitável para apreciadores de terror com algum gore.
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