A autora do premiado "O Piano", mestre no uso majestoso de paisagens, longos silêncios e gestos lentos, consegue descrever a arrogância, a prepotência e a violência que afetam a vida de dois irmãos cowboys no início do século XX num rancho perdido no estado de Montana, nos Estados Unidos.
Com uma fotografia impressionante e cenários de planícies vastas, cercadas de montanhas, "The Power of the Dog", baseado no romance homónimo de Thomas Savage, produzido pela plataforma Netflix, consegue transmitir a rivalidade, a tensão crescente e o terror que envolve o rancho.
Protagonizado por Benedict Cumberbatch, no papel de um temido e carismático cowboy, o filme introduz o espectador num mundo cada vez mais agressivo e insuportável, um verdadeiro thriller psicológico, com a chegada da mulher de um dos irmãos, Rose (Kirsten Dunst), e do filho de um casamento anterior, personagens aparentemente mais moderadas.
A única cineasta vencedora da Palma de Ouro até a chegada, este ano, de Julia Ducournau, descreve através do seu estilo pessoal o confronto entre essas duas visões, mas ao mesmo tempo deixa entrever que nem tudo é como parece, que todos e cada um têm os seus defeitos e segredos, que nem tudo é a preto e branco.
Sério candidato ao Leão de Ouro, distribuído pela Netflix a partir de dezembro, o filme foi elogiado por alguns críticos durante a projeção para a imprensa.
"É o retrato de uma época e algumas mulheres podem sentir-se um pouco frustradas com a personagem de Rose, mas naquela época as mulheres não tinham muitas opções", admitiu a diretora, que pela primeira vez se concentra numa personagem masculina e na sua homossexualidade.
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