Como estas selecções são sempre discutíveis, enviem-nos também as vossas escolhas. Queremos saber quais foram os vossos singles, discos nacionais, discos internacionais e concertos preferidos de 2010 (três escolhas por categoria).
Além dos discos internacionais, revelámos também os nossos singles, concertos e discos nacionais preferidos. A fechar este balanço de fim de ano, aqui ficam então os nossos dez álbuns internacionais preferidos (por ordem alfabética):
O cancelamento do concerto dos Arcade Fire no Pavilhão Atlântico foi a desilusão do ano para muitos melómanos, mas não se perdeu tudo: o terceiro álbum da banda canadiana é um refúgio irrecusável, mesmo que deixe um sabor agridoce. Crónica de sensações, histórias e rotinas que já não voltam (ou voltarão? o disco não chega a responder, e ainda bem), o álbum revisita a adolescência suburbana de Win Butler, o vocalista e compositor do colectivo, embora isso seja só o início. Porque como noutros grandes discos, as suas histórias rapidamente se tornam tanto de quem as ouve como de quem as conta. GS | |
Arvo Pärt – "Quarta Sinfonia - Los Angeles" Pela mão da ECM chegou este ano a Quarta Sinfonia – “Los Angeles” – do compositor estónio Arvo Pärt, gravação da estreia em 2009, feita pela Filarmónica de Los Angeles, comissionada por Esa Pekka-Salonen, na altura ainda maestro da mesma. O evento agora em disco, ocorreu no Walt Disney Concert Hall de Frank Gehry. É dedicada a Mikhail Khodorkovsky, prisioneiro siberiano do novo império russo e inspirada pelo Cânone do Anjo da Guarda, da tradição ortodoxa. De LaLaLand na costa do Pacífico às estepes geladas, toda a música numa sinfonia. O resto, meus senhores, é ouvir, pois faltam-me palavras. LS | |
“Este é um album dos The Black Keys. O nome deste álbum é Brothers”. A capa do disco fez as apresentações para quem ainda não conhecia o duo norte-americano. Não fugindo da linha entre o rock e o blues, “Brothers” foi produzido pela própria dupla - Dan Auerbach e Patrick Carney - num famoso estúdio no estado do Alabama e ainda contou com uma mãozinha de Danger Mouse. A guitarra de Auerbach continua a cantar com muito feeling e na bateria Carney aumenta o poder e a criatividade. VM | |
Crystal Castles - "Crystal Castles" Com o disco de estreia, há dois anos, dividiram opiniões. E se o álbum sucessor - novamente de título homónimo - não foi muito mais consensual, veio provar que os Crystal Castles não eram apenas tendência de uma estação. A dupla canadiana não facilitou a vida a ninguém: as novas canções mantêm os contrastes e a imprevisibilidade, os concertos continuam caóticos e demolidores. Resultado: Alice Glass e Ethan Kath ainda iguais a si próprios e diferentes de tudo o resto. O que é de louvar quando têm pérolas como "Baptism", "Year of Silence" ou "Celestica". GS | |
Janelle Monáe - "The Archandroind (Suites IIand III)" Diva, visionária, psicadélica, eclética, a jovem de 24 anos já foi apelidada de quase tudo. “The ArchAndroid (Suites II and III)” marcou o ano pela estranheza e depois fascínio que o disco provocou. Janelle salta de estilo em estilo: mistura pop, funk, rock psicadélico, jazz orquestral e canções pastorais numa narrativa futurista que tem como ponto de partida o clássico de ficção científica “Metropolis”, de Fritz Lang. Mas se há alguém que conseguiria “safar-se” com esta mistura é Janelle Monáe. VM | |
Kanye West - "My Beautiful Dark Twisted Fantasy" Ao quinto disco Kanye West não está mais humilde nem menos birrento, mas ainda bem. Ainda quer ser o melhor artista do Mundo, ainda arma bronca nas cerimónias de prémios da MTV e ainda escreve letras atacando tudo e todos. Em "My beautiful dark twisted fantasy", Kanye West saúda Alá e a marca Prada, reconhece que passou de "querido a odiado" e não tem dúvidas de que se Deus tivesse um iPod estaria na sua playlist. Tudo naquele que é provavelmente o melhor disco do rapper que abriu os horizontes do hip-hop. VM | |
Laurie Anderson – "Homeland" O que nasceu primeiro? O zeitgeist ou a música de Laurie Anderson para o ilustrar? As suas palavras, as suas colaborações, a sua vontade de provocar a sensação e as ideias num mesmo movimento. Tudo volta a estar presente em “Homeland”, profundamente americano e que dizer da nostalgia na voz inventada de Fenway Bergamot em “Another Day In America” ou da crítica incisiva de “Only an Expert?” Peço desculpa aos que acham que o espírito do tempo é Lady Gaga. Este disco não é para eles. LS | |
Talvez noutro tempo, em que o mainstream estivesse mais claramente definido e se vendessem mais CDs, os The National não tivessem chegado ao número três do top da Billboard com Justin Bieber em número dois. Talvez isso seja irrelevante e os The National continuem a ser uma banda de culto com fãs dedicados. O que é verdade é que “High Violet” nos volta a trazer grandes canções, grandes músicos para as servir e aquela sensação de que estamos todos ligados, mas todos sozinhos, no princípio deste milénio. Talvez também isso seja irrelevante e fique apenas o prazer de mais um grande disco. LS | |
Scissor Sisters - "Night Work" O single "Fire With Fire" foi das canções que mais se ouviram ao longo do ano, mas o terceiro álbum dos Scissor Sisters conta com outros - e mais interessantes - argumentos. O toque de midas de Stuart Price, que já tinha funcionado em produções para Madonna ou para os seus Zoot Woman, dificilmente poderia dar-se melhor com a composição (cada vez mais apurada) da banda nova-iorquina. Tal como os anteriores, "Night Work" faz a festa. Mas ao contrário desses, resiste muito bem fora dela, e também por isso continua a pedir audições repetidas na entrada em 2011. GS | |
Trent Reznor and Atticus Ross - "The Social Network OST" Às vezes, por trás de um grande filme há uma grande banda-sonora. É o caso da que Trent Reznor e Atticus Ross compuseram para o olhar de David Fincher sobre as origens do Facebook. Colaboradores de longa data, o mentor dos Nine Inch Nails e o ex-elemento dos saudosos 12 Rounds têm aqui a sua parceria mais conseguida, quase uma continuação (melhorada) de "Ghosts I-IV", dos NIN. Além de acompanhar bem as imagens de Fincher, este conjunto de instrumentais não só vale por si como oferece, numa inspirada aliança entre piano e electrónica, algumas das mais belas composições do ano. GS |
@Gonçalo Sá, Luís Soares e Vera Moutinho
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