Apesar de incluírem as versões remasterizadas das gravações do guitarrista, as capas serão reproduções fiéis das originais, o que exigiu um esforço adicional à editora independente norte-americana.

"Tivemos alguns problemas em obter as fotografias originais", disse à agência Lusa o responsável pela editora da Europa, Fred Somsen, que coordenou este projeto.

Para o "Movimento Perpétuo", de 1971, as fotografias foram encontradas nos arquivos da Valentim de Carvalho, em Portugal, mas para o disco de estreia mais antigo, datado de 1967, foi mais difícil.

"Tivemos de comprar uma cópia original do ‘Guitarra Portuguesa’ na Internet e digitalizar com a melhor qualidade possível", contou.

Tudo porque o objetivo foi respeitar as primeiras edições destes álbuns, que se tornaram uma raridade e são difíceis de comprar.

Nas capas estarão autocolantes com uma apresentação bilingue em inglês e português ao "Homem dos Mil Dedos".

Mas todos os encartes serão também no português original e incluem um texto bilingue do compositor Alain Oulman, que saiu com a "Guitarra Portuguesa".

A escolha do lançamento em novembro tem em mente a época de Natal, que pode proporcionar mais vendas, admitiu Somsen.

Mas com uma tiragem de apenas mil cópias de cada e uma distribuição que será sobretudo feita em lojas especializadas, o retorno financeiro não é o mais importante.

"A editora é pequena e não o faz para ganhar dinheiro, mas pelo prestígio e porque temos alguns artistas que são admiradores", justificou.

Um dos promotores da ideia foi Ben Chasny, guitarrista dos Six Organs of Admittance, que conheceu o trabalho do guitarrista conimbricense durante uma passagem por Lisboa.

"Penso que os álbuns ainda são relevantes, porque desde a altura em que foram lançados mais ninguém fez álbuns ou escreveu melodias como as de Paredes", afirmou à Lusa.

Para este artista, "há um estado de espírito" único criado pela música do mestre da guitarra portuguesa que identifica como o "eco do próprio Portugal, uma repercussão que se manifesta nas cordas da sua guitarra".

Apreciado por, entre outros guitarristas, Will Oldham e Richard Bishop, o trabalho de Carlos Paredes, que morreu em 2004, ganhará uma nova projeção com esta reedição dos discos.

A revista Mojo tem previsto uma crítica num dos próximos números e há interesse das publicações especializadas Record Collector e Wire.

Apesar de estar mais ligada ao rock independente, a Drag City tem, à semelhança do que faz agora com Paredes, reeditado em vinil álbuns de outros artistas internacionais.

@Lusa