Na bagagem, McCombs traz o seu novo álbum “Wit’s End” – “um tratado sobre a morbidez e o desamor, como já não escutávamos há demasiado tempo”.

Os bilhetes para o concerto, em venda antecipada na bilheteira da ZDB, entre quarta-feira e sábado, das 15h00 às 23h00, custam €10. O espectáculo tem início às 22h00.

Sobre Cass McCombs

Um jogador de poker sabe que ao denunciar o seu padrão de pensamento fica nas mãos do adversário. Fora da mesa, o jogo mantido com Cass McCombs decorre de forma semelhante, no entanto a destreza e a permanente renovação do songwriter norte-americano esquivam-no das previsões mais fáceis. De 2003 a esta parte, Cass McCombs acumulou cinco discos e meio (todos relevantes), e ainda hoje exige o mesmo rasgo de sorte a quem quiser adivinhar a direcção que irá adoptar em cada álbum e em cada música.

Recorrendo, nas suas canções, a diversas estruturas e revestimentos, Cass McCombs habituou-nos a letras que infiltram dois enigmas em cada certeza. E o que acontece muitas vezes é sermos seduzidos pelo isco de alguns dados biográficos, aparentemente verdadeiros, e, a partir daí, ficarmos agarrados a um universo muito mais ambíguo e misterioso do que propriamente concreto e conclusivo. Cass McCombs tão depressa garante uma perspectiva de segunda pessoa sobre o momento em que nasceu (escute-se “Lionkiller”), como aproveita depois o restante tempo de Dropping the writ para grandes planos da cidade de Baltimore e da lua cheia. Oscila entre o real e o imaginário sem que a riqueza pop da sua música se perca pelo caminho.

Em consonância com a natureza nómada do seu autor, conhecido por nunca parar muito tempo em cada estado, a sua música soa como se tivesse percorrido longas distâncias desde velhos salões, cinemas e parques de diversões, até aqui. Ficamos então com um roteiro secundário da América cantado por um excêntrico – alguém que já provou ser capaz de conseguir as mais marcantes canções, independentemente de surgirem carregadíssimas de eco e reverb, ou tão límpidas como se tivessem sido gravadas num dos lendários estúdios de Nashville. Cass McCombs tem um sentido melódico que prevalece sobre quase tudo e a sofisticação plural de um gigante como Charlie Rich. É um daqueles iluminados que aparece de quinze em quinze anos...