
Os pianistas Momo Kodama e Nelson Goerner, o violoncelista Nicolas Altstaedt e o agrupamento La Néréide, da soprano Ana Vieira, estão entre os protagonistas da 47.ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, que começa hoje.
A decorrer até 27 de julho, o festival também conta com a Orquestra Liceu de Havana, que o encerrará, com a Folkwang Kammerorchester, na abertura, a Orquestra Gulbenkian, no primeiro fim de semana, e a Orquestra Juvenil Afegã, num programa a combinar a tradição e a música de Mozart, compositor que assimilou referências do Médio Oriente na sua obra.
A pianista Momo Kodama, o trompetista Jeroen Berwaerts e o tangedor de teorba Thomas Dunford são outros solistas vindos das temporadas das principais salas mundiais de concerto, sem esquecer as formações ‘da casa’, o Quarteto Verazin e o Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim, nem a habitual conferência do musicólogo Rui Vieira Nery, este ano no penúltimo dia do festival, dedicada a Carlos Paredes, nos 100 anos do nascimento do guitarrista.
Ao todo o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV) oferece mais de cinco séculos de história da música de tradição europeia, da Renascença de Thomas Tallis à contemporaneidade de Fátima Fonte, compositora de quem será estreada uma obra.
A soprano portuguesa Ana Vieira, com uma carreira internacional que vai do trabalho com Les Arts Florissants, de William Christie e Paul Agnew, a salas como a Ópera de Paris e o Teatro Real Madrid, fundou o agrupamento La Néréide com as cantoras Camille Allérat e Julie Roset. Ao festival trazem os compositores do seu primeiro álbum, “Il Concerto segreto”, com obras de Luzzasco Luzzaschi, Giulio Caccini, Luca Marenzio e Claudio Monteverdi, num testemunho da emergência do Barroco na viragem para o século XVII.
O ensemble Voces8 Scholars, do programa anglo-americano de formação de novos intérpretes, multiplicará perspetivas sobre o repertório antigo e a criação contemporânea, no programa “All Seems Beautiful”, ao conjugar obras de Palestina, Tallis, Stanford, Newley, Mitchell, Whitacre, Gabrieli, Panufnik, Gjeilo, Burton, Bennet, Passereau, Conti, Yazoo e Ellington.
Na área da música de câmara, o festival propõe o Quatuor Ébène, já distinguido pelos Prémios Gramophone, que interpretará Beethoven, Tchaikovsky e uma obra de Raphaël Merlin encomendada pelo festival; o Quarteto Verazin, em Ravel, e nos “Ruckert-Lieder”, de Gustav Mahler, com a soprano Beatriz Patrocínio e a bailarina Sara Garcia; e o ensemble ars ad hoc, criado no contexto da Arte no Tempo, que apresentará a obra vencedora do 18.º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, e “Pierrot Lunaire”, a obra visionária de Arnold Schoenberg, sobre poema de Albert Giraud.
O Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim, sob a direção de Stanley Dodds, interpretará William Walton, John Adams e fará a estreia da obra encomendada a Fátima Fonte, a autora da ópera ‘buffa’ “A Querela dos Grilos”, que foi Jovem Compositora Associada do Teatro Nacional de São Carlos em 2017, e de quem a Orquestra Gulbenkian estreou recentemente “Breve Desassossego”.
A Orquestra Juvenil Afegã, criada no âmbito do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, dará a conhecer mais uma faceta do trabalho da comunidade acolhida em Portugal após a tomada do poder pelos Talibã, no Afeganistão, num concerto sob direção do maestro Tiago Moreira da Silva.
As grandes formações do festival contam ainda com a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Miguel Sepúlveda, que oferecerá a Sinfonia Heróica de Beethoven, e conta com o Concerto em Sol maior, de Maurice Ravel, com a pianista Momo Kodama, distinguida pela crítica do New York Times e da BBC Music Magazine, pelo álbum “La Vallée des Cloches”, que inclui “Miroirs”, do compositor francês.
O concerto de abertura fica a cargo dos jovens músicos da Folkwang Kammerorchester, de Essen, sob a direção do seu maestro principal, Johannes Klumpp, num programa que combina Joseph Haydn, Johann Adolf Hasse e árias de Mozart, pela soprano Júlia Lezhneva.
A Orquestra do Liceu de Havana garante o encerramento do festival, com a trompista Sarah Willis, na direção e como solista, retomando o projeto conjunto “Mozart y Mambo”, que já deu origem a três álbuns - um projeto que a revista Diapason definiu como “uma requintada combinação” da música de Cuba com o universo do compositor de Salzburgo, na “mais bela, alegre, dançante e bem-disposta [proposta] do ano”.
Este concerto realiza-se na nova Arena da Póvoa de Varzim. Os restantes têm lugar na Igreja Matriz, na Igreja de São Pedro de Rates, no Cine-Teatro Garrett e no Auditório Municipal.
O Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim é organizado pela autarquia, com direção artística do pianista Raul da Costa.
A programação pode ser consultada a partir do ‘site’ da autarquia.
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