Tudo começou quando venceu um concurso para o melhor sósia de Elvis Presley, promovido por um hotel em Macau, terra que o viu nascer há 58 anos. A conquista valeu-lhe um bilhete para uma visita a Graceland, a mansão que se transformou num local de culto para os fãs, situada na cidade de Memphis (Tennessee, EUA), onde o cantor viveu e morreu.
Em 1997, ano que marcaria uma nova página na vida de Elvis Macau (como é conhecido) ou Macau Elvis (nome profissional), pouco depois do regresso dos Estados Unidos, seria convidado pelo relações públicas do hotel Holiday Inn a juntar-se na Tailândia a outros sósias de Elvis Presley num evento que se realiza anualmente em memória do "rei do rock".
"Desde então comecei a participar e todos os anos sou convidado para lá ir em janeiro, por ocasião do seu aniversário de nascimento e, em meados de agosto, pelo aniversário da sua morte. Isto continua até hoje", realçou à agência Lusa, indicando que o próximo encontro está marcado para dia 1 de setembro num hotel em Banguecoque.
Rodolfo Souza, em português, ou Rudy Souza, em inglês, é o nome verdadeiro de Elvis de Macau, filho de uma portuguesa de Xangai e de pai grego.
"Souza é o apelido da minha mãe", uma "grande fã" de Elvis Presley, conta, recordando que quando começou a trabalhar comprava os álbuns do cantor para lhe oferecer. Porém, a sua mãe já não estava presente quando vestiu pela primeira vez a pele da lenda do "rock" para o concurso.
Aos 24 anos, Souza já atuava como semiprofissional, cantando aos fins-de-semana em restaurantes locais, mas a música era outra, com o repertório a incluir nomes, como Tom Jones, Paul Anka, Engelbert Humperdinck ou Platters.
Além de Macau, Souza, que divide a carreira musical com o seu ofício na STDM (Sociedade de Turismo e Diversões de Macau) fundada por Stanley Ho, também já fez espetáculos em Hong Kong e no interior da China. No território onde nasceu chega a ganhar 3.000 a 3.500 patacas (cerca de 300 a 350 euros) por 15 a 20 minutos de entretenimento. Mas o "cachet" não é tudo.
"Quando vejo que o público está contente, canto para além do tempo estabelecido", sublinha Souza, que protagoniza com frequência espetáculos com fins beneficentes, não cobrando qualquer montante.
Como fã, Souza também tem preferências ao nível do repertório de Elvis Presley. "Em termos de música mais calma gosto de 'American Triology' e algumas músicas mais mexidas, como 'Don't be Cruel'. Nos espetáculos escolhem sempre as mais antigas, também pedem, às vezes, 'Love me Tender', depende do que têm em mente", explica o Elvis de Macau, para quem a música e a própria lenda do "rock" continuam a fazer todo o sentido.
"Sinto isso especialmente quando vou a Banguecoque. Sinto que em todo o lado, não apenas no aniversário da sua morte, mas por regra todos os dias, todas as noites, em alguns bares continuam a atuar, encarnando a sua personagem. Penso que todos pensam que ele ainda existe", brinca.
Vestido a rigor, usando um dos fatos dourados característicos do início de carreira de Elvis Presley, anéis e óculos de sol, Souza elenca os passos que foi dando para imitar o estilo da estrela.
"Primeiro, quando participei no concurso, tentei parecer-me mais com ele, através de revistas, por exemplo, mas desde que fui convidado para ir atuar a Banguecoque comecei a mandar fazer os fatos lá. Eles têm todos, de acordo com o seu estilo, com diferentes cores e design. Todos os anos, quando lá vou, mando fazer um. Hoje tenho mais de dez", conta.
Trinta e cinco anos depois da morte do artista, persistem as várias teorias, um pouco por todo o mundo, de que Elvis Presley não morreu.
"As pessoas são muito supersticiosas e acreditam que ele ainda está vivo. Continuam a dizer 'não penso que ele tenha morrido, está só escondido em algum sítio'. É óbvio que ele morreu, não acredito nisso", diz Rodolfo Souza, entre risos.
Elvis Aaron Presley morreu a 16 de agosto de 1977, aos 42 anos.
Texto @SAPO com Lusa/ Foto @Lusa
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