Por vezes uma história pode demorar o seu tempo a ser contada. Eric D. Johnson (membro dos The Shins, Califone e Vetiver), o senhor Fruit Bats, tem uma história dessas, com tempo lá dentro. Tentou expressá-la enquanto peça, filme, conto… e finalmente, decidiu fazer dela uma canção. Nascia «Tony the Tripper», tema central de «Tripper», quinto álbum dos Fruit Bats. Marcando o tom, «Tony the Tripper» é uma meditação agridoce sobre o fazer-se à estrada, deixar para trás o que é familiar e, ao mesmo tempo, reinventar-se. Gravado nos estúdios WACS em Los Angeles, ao lado de Thom Monahan, produtor dos últimos quatro álbuns de Vetiver e de Cripple Crow de Devendra Banhart, «Tripper» é, liricamente, o disco mais narrativo da banda. Já a nível sónico o abstracto ganha ao real, num registo menos enraizado na folk, onde as habituais guitarras solarengas são substituídas por sintetizadores e teclados.
Músico de Akron, Ohio, Joseph Arthur é um dos mais conceituados cantautores dos nossos dias. Com uma já longa carreira a solo, Arthur é, igualmente, líder dos The Lonely Astronauts e parte integrante, ao lado de Ben Harper e do filho de George Harrison, dos Fistuful of Mercy. Ao mesmo tempo, mantém uma prolífica carreira enquanto pintor e designer, tendo já recebido um Grammy para melhor embalagem graças ao seu trabalho em Vacancy. Oitavo disco de estúdio do norte-americano, «The Graduation Ceremony» foi produzido por John Alagia (Dave Matthews Band) e conta com a participação de Liz Phair e Jim Keltner (músico de estúdio que trabalhou com George Harrison, John Lennon e Ringo Starr). Primeiro disco a solo do artista desde «Nuclear Daydream» (2006), «The Graduation Ceremony» é uma declaração de amor à pop, onde harmonias, arranjos atmosféricos e a já habitual bela verve de Arthur fazem a festa.
Mítica banda de indie-rock de Austin, Texas, os Okkervil River estão de regresso com «I Am Very Far», sexto disco de originais. Sucessor de The Stand Ins (2008), «I Am Very Far» traz-nos as primeiras gravações da banda pós produção, por parte do vocalista Will Sheff, de «True Love Cast Out All Evil», disco que marcou o regresso a estúdio de Rocky Erickson. Sobrevoando ambientes nocturnos, refletivos e melancólicos, mas cheios de alma, «I Am Very Far» é épico e intimista. Destaque para o single «Wake and be Fine», onde o pregador Sheff balança entre a inocência e a perdição.
Banda/colectivo artístico de Edimburgo, os FOUND são a última aposta da Chemikal Underground (Mogwai, Arab Strap, Phantom Band). Nascidos em 2006, venceram em 2009 um Bafta, graças à sua instalação Cybraphon, basicamente um robot-armário com emoções e que dá concertos. «factorycraft», o novo disco dos FOUND é, nas palavras dos próprios, uma explosão psicadélica dentro de uma fábrica. Disco esquizofrénico, de uma inventividade caleidoscópica, factorycraft passa, em poucos segundos, de drum machines marciais para space-pop como ensinada por Joe Meek. O trabalho manual transformado em bela arte, numa igualmente bela surpresa.
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