
O trio norte-irlandês Kneecap, cujo líder é investigado pela Justiça britânica por suspeita de apoiar o Hezbollah, participou no domingo, sob vigilância extrema, num festival na França onde voltou a criticar a política israelita para a Faixa de Gaza.
A apresentação no festival Rock en Seine, no subúrbio parisiense, aconteceu apesar de um pedido de cancelamento feito por organizações judaicas.
"Palestina livre!", gritou o grupo no começo da apresentação, perante uma multidão entusiasmada, onde se viam lenços palestinianos e t-shirts da Irlanda. "Não estamos contra Israel", ressaltou. "Sei que estamos zangados, mas estamos aqui apenas para nos divertir."
No entanto, minutos depois o grupo voltou a mencionar a situação no Médio Oriente, chamou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de "criminoso de guerra" e denunciou "um genocídio" na Faixa de Gaza.
Autoridades tinham alertado que monitorizariam o concerto. Um dos três membros do grupo, Liam O'Hanna, conhecido como Mo Chara, está a ser processado por "crime de terrorismo" pela Justiça britânica, acusado de exibir uma bandeira do Hezbollah durante um concerto em Londres em 2024.
Inimigo declarado de Israel, o Hezbollah é classificado como grupo terrorista no Reino Unido. O rapper compareceu na última quarta-feira num tribunal na capital britânica e ficou em liberdade. O juiz adiou a decisão para 26 de setembro.
A situação não impediu os Kneecap de prosseguir com a sua digressão com bilhetes esgotados, como em Glastonbury, Reino Unido, em junho, onde acusaram Israel de ser um Estado "criminoso de guerra". No entanto, o grupo esteve ausente do festival Sziget de Budapeste, após a proibição de entrada no território decretada pelo governo húngaro, aliado de Israel.
Na França, a banda apresentou-se sem incidentes no festival Eurockéennes de Belfort e no Cabaret Vert de Charleville-Mézières. Para o concerto de domingo, o diretor do Rock en Seine disse dias atrás que tinha a confirmação de que o grupo se comportaria "de maneira totalmente correta".
No entanto, a localidade de Saint-Cloud retirou pela primeira vez o subsídio de 40 mil euros ao festival. O mesmo fez a região parisiense, cujo financiamento em 2024 foi de 295 mil euros.
"Qualquer declaração de caráter antissemita, apologia ao terrorismo ou incitação ao ódio" será "alvo de procedimentos judiciais", advertiu o ministro francês do Interior, Bruno Retailleau.
Comentários