“O festival tem tido visibilidade suficiente e é hoje um marco fundamental no jazz que se faz em Portugal. Já foi classificado como o segundo melhor festival, em ex aequo com o Funchal, de Portugal”, afirmou José Ribeiro Pinto, da associação cultural AngraJazz, que organiza o festival desde 1999, na apresentação do cartaz, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
A 24.ª edição do AngraJazz mantém a estrutura habitual, com três grupos dos Estados Unidos da América (EUA), um grupo da Europa, um grupo português e a orquestra AngraJazz, com músicos locais, que abre o festival todos anos.
Em 2023, a “orquestra amadora de jazz mais antiga do país” apresenta um repertório dedicado ao hard bop, acompanhada por Jeffery Davis, que é, para José Ribeiro Pinto, “o melhor vibrafonista português em atividade”.
No dia 4, atua também o quinteto da pianista canadiana Renee Rosnes, fundadora do São Francisco Jazz colective, que fez digressões com “músicos lendários”, como Joe Henderson, Wayne Shorter e Booby Hutcherson.
A segunda noite do festival abre com o trio do contrabaixista Ben Allisson, que é acompanhado pelo guitarrista Steve Cardenas e pelo saxofonista Ted Nash, “um grupo notável, com música maravilhosa”, segundo a organização.
Segue-se o grupo português Coreto, formado no âmbito da associação PortaJazz, do Porto, composto por 12 elementos (quatro saxofones, dois trombones, dois trompetes, um contrabaixo, uma guitarra, um piano e uma bateria).
“É um grupo fantástico, na senda musical portuguesa do norte. Tem cinco discos gravados, todos eles foram sucessos”, frisou Ribeiro Pinto.
Na última noite, sobe ao palco do AngraJazz o quarteto do saxofonista norte-americano Immanuel Wilkins, um músico de 25 anos, que já ganhou vários prémios e é considerado “um dos grandes fenómenos do saxofone alto atual”.
O festival encerra com o grupo da cantora sueca Vivan Buczek, que conta com 20 anos de carreira e “muitos prémios alcançados”, para “mostrar que na Europa também se canta muito bem o jazz”.
José Ribeiro Pinto salientou que, ao longo de 24 anos, o AngraJazz tem conseguido “contribuir para o gosto pelo jazz” e para incentivar os músicos locais a tocar este estilo musical.
“Todas as edições têm tido uma afluência notável, quase sempre com salas quase esgotadas”, vincou.
Com um orçamento entre 110 e 120 mil euros, o festival estima uma receita de bilheteira de cerca de 18 mil euros, com preços que vão entre os seis euros, para os bilhetes diários para menores de 25 e maiores de 65 anos, e os 60 euros, para o pacote de três dias numa mesa na plateia.
A sala do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo (CCCAH), com perto de 600 lugares, esgota habitualmente no último dia e nos restantes tem lotação “acima dos 90%”.
De 29 de setembro a 7 de outubro, a associação organiza também o Jazz na Rua, com nove concertos gratuitos de três grupos locais e um de Portugal Continental, em bares e cafés da cidade.
A iniciativa inclui ainda duas sessões de divulgação para escolas e uma ação de formação para músicos de filarmónicas.
“O Jazz na Rua é um momento interessante, porque cria uma envolvência, um ambiente de festa à volta do Angrajazz e isso é importante”, sublinhou Ribeiro Pinto, acrescentando que é também “um chamariz para os turistas”.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Guido Teles, destacou o "contributo" do festival na formação de músicos e na divulgação da cidade.
"É um festival que já conseguiu encontrar o seu lugar e já conseguiu o reconhecimento que acaba por se transferir para o nome do lugar. Estamos a falar de um evento que acaba por promover Angra do Heroísmo de uma forma muito particular e muito relevante", realçou.
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