"Não estou habituada a que as pessoas comprem bilhetes para me ver. Não estou habituada a que as pessoas me escrevam a dizer que gostam das minhas músicas. Não estou habituada a começar a cantar uma música e de repente ouvir as pessoas a cantar... É uma coisa que me comove sempre e uma surpresa enorme", revelou-nos Luísa Sobral durante a sua passagem pela redação do SAPO, quando foi editora convidada.
Mas se a cantora ainda não se habituou a alguns episódios regulares dos seus concertos, muitos espectadores já se habituaram a ir vê-la, situação que terá contribuído para que as canções de "The Cherry on My Cake" cheguem aos palcos da Casa da Música, no Porto, e do CCB, em Lisboa, a 13 e 14 de abril, respetivamente.
Embora se sinta orgulhosa da oportunidade de cantar nesses espaços, Luísa garante-nos que o empenho na preparação de um espetáculo não varia em função da sala: "Gosto de me preparar para cada espetáculo, mesmo que não seja numa sala tão grande como a Casa da Música ou o CCB. Estou sempre a pensar no próximo, acho que todos são especiais. Esses serão mais especiais em alguns aspetos: o sítio, um por ser no Porto, porque nunca tocámos lá, o outro por ser o maior em Lisboa desde o concerto de lançamento. E a Casa da Música é uma sala que, desde que a fui visitar, pensei logo 'eu quero tocar aqui, eu tenho de tocar aqui!'".
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Cada concerto é sempre diferente, mas há elementos que se mantêm nos preparativos. "Tento adaptar os temas que vou cantar em função do público - se está de pé ou sentado -, da duração do concerto, e tento ver se posso fazer brincadeiras. No CCB, em termos de cenário, posso fazer coisas que não consigo noutros espaços, por isso pensei em coisas mais específicas para aí, mas vou tendo sempre ideias e tento pensar onde funcionam. No outro dia pensei numa coisa em vídeo com imagens das cidades, para ir pondo lá atrás, vou sempre experimentando", explicou-nos. Além da vertente cénica, as alterações chegam às próprias canções, que acolhem instrumentos e pormenores que não ouvíamos no disco. "Toco uma pequena harpa, uma caixa de música, um glockenspiel, tivemos de pensar em formatos diferentes, encontrar o outro lado das músicas. É um processo muito giro".
O que não costuma faltar, independentemente da sala, são as versões de ‘Não és homem pra mim’, de Romana, e ‘Toxic’, de Britney Spears. "São uma forma de nos divertirmos e de mostrarmos os dois lados da minha personalidade, porque também gosto de fazer piadas. Acho que quando as pessoas vão ver um concerto têm de ter algo mais do que têm no CD, têm de nos conhecer um bocadinho melhor. As duas versões são de pessoas que não fazem parte da minha lista de influências, fazem estilos de música completamente diferente da que faço e por isso foi um desafio".
Então e canções novas? Para já não é provável. "Já tenho ideia do próximo disco, das canções, quase do nome, só não tenho é ideia de quando vai sair", contou Luísa. "Não faz sentido editá-lo sem explorar este disco ao máximo, dá-lo a conhecer lá fora. Quando acharmos que este já se esgotou, então vamos começar a pensar no próximo. Não temos pressa".
A performer e a espetadora
Este ano, Luísa tem continuado a levar "The Cherry on My Cake" a todo o país e nos próximos tempos vai apresentá-lo também em Espanha ou Marrocos, dois destinos de uma agenda "bem simpática". Há espetáculos agendados até ao período estival, mas trabalhar em tempo de férias está longe de ser um problema. "Como não gosto muito de praia, para mim este é o melhor verão de sempre", confidenciou-nos.
No meio de uma agenda preenchida, haverá espaço para a cantora ser também espectadora? "Por acaso tenho quase sempre azar porque quase todos os concertos de que gosto calham em dias de concertos meus... e normalmente tenho de optar pelos meus [risos]". Os exemplos que deu não a contradizem: "Gostava muito de ir ver o Sting ao Cool Jazz, mas calha no dia de um concerto meu [29 de junho, no Estádio Municipal de Oeiras], mas vou tentar conciliar aquilo e ir aos dois. O Brad Mehldau também está marcado para um dia de um concerto meu [a 16 de junho no CCB], mas ainda está por confirmar, por isso é a primeira vez que estou a fazer força para que não se confirme... é um bocado estranho, mas gostava muito de o ver", exemplificou, salientando ainda os espetáculos de Björk [a 9 de junho no Parque da Cidade, no Porto, durante o festival Primavera Sound] e Regina Spektor [a 7 de junho na na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, durante o festival Super Bock Super Rock).
Luísa Sobral atua na Sala Suggia da Casa da Música, no Porto, a 13 de abril, a partir das 21h30, e na noite seguinte no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a partir das 21 horas.
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