Três das quatro composições são gravadas pela primeira vez, designadamente “Return to future”, composta em 1985, “Song of loneliness” (1972) e “Visiting friends” (1986), esta última com a participação do pianista António Rosado. A quarta composição intitula-se “To love and peace” foi composta em 1973, e já tinha um registo anterior.

No texto que acompanha a edição discográfica, Cassuto afirma que a sua educação musical “começou em casa” através dos avós alemães que tocavam duetos de violino e piano. Iniciou-se na composição para orquestra na juventude, antes de estudar teoria musical com compositores como Fernando Lopes-Graça. “Os meus tempos de autodidata permitiram-me explorar novas tendências musicais, ainda não adotadas em Portugal nos anos 1950, especialmente o dodecafonismo e outros estilos musicais de Schoenberg, de Berg e Webern”, escreve o maestro.

Compôs Sinfonia Breve por sugestão do maestro Joly Braga Santos, quando se preparava para os exames de admissão à Faculdade de Direito. A estreia desta composição foi em 1959, sob a direção de Braga Santos e, segundo Cassuto, foi a primeira peça dodecafónica escrita por um português.

Cassuto iniciou a careira de maestro em 1961, diplomado pelo Conservatório de Viena e, depois de verões passados em Darmstadt, na Alemanha, com compositores como Olivier Messiaen, Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen.

Entre 1960 e 1970 continuou a compor, experimentando diferentes estilos em cada trabalho, como afirma no mesmo texto. Deste período registam-se, neste CD, as composições “Song of Loneliness”, composta para o New Music Group of the Philadelphia Musical Academy, e “To love and peace”, que se relaciona com a ópera satírica “In the name of the peace”, que foi composta para a Manhattan of Music Symphony Orchestra, que dirigiu.

“Return to the future” foi uma encomenda da Fundação Gulbenkian, cuja orquestra estreou a peça sob a direção de Cassuto e inclui um teclado eletrónico, em substituição de uma harpa barroca, a par com as flautas, oboés, fliscorne, clarinetes, trompetes, trombones, tímpanos, percussões e cordas.

“Visiting Frends” foi escrito como um ensaio não visando qualquer "performance", “e imaginando um encontro entre compositores” cuja música Cassuto mais gosta, lê-se no mesmo texto. Segundo o compositor, esta peça foi composta usando uma linguagem baseada em fórmulas e expressões musicais, tendo “o resultado sido idêntico a um 'pastiche', um trabalho que homenageia tempos antigos”. Não tendo sido composto para ser um concerto para piano, este só não se escuta no terceiro andamento, “Intermezzo (adagio andante)”, destinado apenas às cordas.

Álvaro Cassuto tem colaborado regularmente com a Naxos para a qual já gravou com a extinta Orquestra do Algarve, com a RTÉ National Symphony Orchestra, da Irlanda, e a Royal Scottish National Orchestra.

Natural do Porto, Álvaro Cassuto foi maestro assistente da Orquestra Sinfónica da RDP, de 1970 a 1975, e maestro principal até à sua extinção em 1989.

Em 1988 fundou a Nova Filarmonia Portuguesa com a qual realizou mais de 600 concertos, até 1993. Desempenhou as funções de diretor artístico e maestro titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, em 1993, quando esta foi criada, e da Orquestra do Algarve, em 2002. Foi também diretor artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa, no biénio 2004/2005.

Como compositor, a sua primeira peça foi “Sonatina”, datada de 1959, tendo composto cerca de 23 obras. Em 1969 recebeu o Prémio Koussevitzky, alusivo ao maestro Serge Koussevitzky da Sinfónica de Boston, quando desempenhava as funções de maestro assistente de Leopold Stokowski, na Americam Symphony, em Nova Iorque.

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