Voltemos um pouco atrás no tempo. No alinhamento inicial, temas como “Estranha Forma de Vida”, “Meu Fado” e «a morna africana, um primo direito do Fado», nas palavras da fadista, “Beijo de Saudade”, foram as canções escolhidas para “aquecer” uma noite gélida de dezembro.
Um dos muitos pontos altos celebra-se ao som de “o Tempo não Pára”, em que Mariza, acompanhada apenas pelo piano, fala do filho Martim, de um amor incondicional, de vidas que são vida e eleva a plateia para um universo paralelo, onde a música fala mais alto e as palavras são mais sentidas.
Seguem-se “Onde Vais”, “Quem me dera” e “Casa”, essa casa onde «moramos no coração de quem amamos, sem portas, nem janelas, mas do tamanho do mundo. Essa casa onde habitam os que amamos e que nos engrandece».
Um tempo para mudar de figurino, preenchido pela maravilhosa atuação de Maninho e por uma versão sui generis do seu mais conhecido tema “Até ao fim”.
De regresso ao palco, Mariza brinda o público com novos temas, até descer do palco, misturar-se pelo público, desfilar pela plateia e arrebatar cada alma, com a magnífica e transcendente interpretação de “Chuva”. Um momento inesquecível.
De volta ao palco, a noite anima-se - mais ainda - ao som de “Rosa Branca” e “Maria Joana”. O público canta, dança e acompanha Mariza, da melhor forma que sabe, da melhor forma que sente. E como sente! Sabe-se pelas palmas, pelo público de pé, e por mais palmas ainda.
A fechar, Mariza volta a circular pelo público, ao som do magnífico tema e da ímpar interpretação de “Ó gente da Minha Terra”. Que noite memorável!
Haveria de haver um encore, mas assoberbados pela indescritível proeza de fazer-se ouvir, em cada canto da Arena, sem microfone, o público volta atrás no tempo e vive, em loop, este momento de tanta emoção! Mariza é fado, é morna, é saudade, é amor e é a voz que apazigua a alma.
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