Em Lisboa, Nneka atuará no Espaço TMN Ao Vivo e no Porto no Hard Club, ambos à mesma hora, apresentando «especialmente os temas do novo álbum, mas recuperando canções como ‘Heartbeat’, ‘Africans’ ou ‘The Unconfortable Truth'», disse a intérprete à Lusa.

Referindo-se ao novo álbum, a cantora afirmou que «é o mais próximo do coração» e das suas raízes nigerianas, refletindo «numa linguagem atual que é o hip-hop, as marcas africanas que tem».

Dos quinze temas do álbum, Nneka assina por inteiro (letra e música) seis deles, nomeadamente «V.I.P», «Restless», «Don’t even think» e «Do you love me now».

«A inspiração vem das minhas viagens pelo mundo e, claro está, da minha vivência pessoal. É aliás dela que parte tudo, essencialmente o meu quotidiano na Nigéria», disse a cantora de 30 anos, que começou a cantar ainda menina num coro religioso.

Filha de um nigeriano, da tribo Igbo, uma das línguas em que canta, além do inglês, e de uma alemã, divide-se entre Hamburgo e a terra natal, Warri (no Delga nigeriano).

Nneka considera que «cantar não é fácil» e que enfrenta dificuldades na Nigéria, «mas há coisas que têm de ser ditas, [e] denunciadas».

Nas suas canções, Nneka interroga «o que trará o futuro» em «My Home» (ver vídeo abaixo), refere que «o mundo é uma loucura» («Shining Star»), critica as mortes e mentiras em nome de um deus («God knows why») e fala de uma batalha espiritual («Camouflage»).

Ao ritmo hip-hop em que trabalha, Nneka junta referências soul e «os ritmos africanos sem que se confunda com a world music».

«A ideia é que estas canções, com as suas ideias, cheguem ao poder político, que as escutem», disse.

A compositora defendeu «mais educação para as mulheres em África, nomeadamente as que vivem nos subúrbios», sendo que estas «tradicionalmente são relegadas para um segundo plano».

«É difícil as mulheres em África chegarem ao poder político, que é ainda um mundo de homens, até pela mentalidade tradicional africana que relega a mulher para um plano atrás do homem e a quem cabe tratar dos bastidores», disse.

Nneka saudou a distinção do Nobel da Paz a três mulheres, duas delas africanas: a Presidente da República Libéria Ellen Johnsin Sirleaf e a sua compatriota Leymath Gbowe, ativista dos Direitos Humanos. A terceira foi a jornalista iemenita Tawakkul Karman.

«É um passo importante para um continente em que tradicionalmente se ensina e afirma que a mulher deve ser submissa ao homem», reforçou.

Nneka saltou para a ribalta internacional da música em 2004 com o EP «The Uncomfortable Truth», que se tornou um êxito e que ainda hoje canta nos concertos como o que apresentará no Porto e em Lisboa.

A cantora afirmou que gosta de cantar em Portugal, onde «o público tem um espírito muito aberto e é muito participativo».

SAPO/Lusa

Videoclip de «My Home»