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Dois anos depois de "Coisas do Amor e do Mar", José Cid regressa às edições com um álbum cujo título "é muito provocador". "Quem Tem Medo de Baladas?" é a sua tentativa de dar bom nome a um estilo de canção por vezes desconsiderado - a balada - em 28 temas que marcam uma sensibilidade "camaleónica".
Este "arco íris de baladas" passa por várias sonoridades e outras tantas colaborações, convocando Os Corvos, o sobrinho Gonçalo Tavares ou a filha Ana Sofia Cid, com a qual o autor partilha a interpretação de um tema - pela primeira vez na sua vida, "e se calhar a última", uma vez que "ela não quer continuar a cantar, nem de perto nem de longe".
"Quem Tem Medo de Baladas?" é também o mote para os concertos de maior dimensão que o músico da Chamusca tem na agenda a curto prazo - a 7 de dezembro no Campo Pequeno, em Lisboa, e a 12 no Pavilhão Multiusos, em Guimarães. O mote, mas não necessariamente o destaque principal: "Vou apresentar dois ou três temas do novo álbum, mas basicamente o repertório será mais tradicional, embora vá abrir algumas exceções: vamos tocar uma faixa do álbum «10000 Anos Depois entre Vénus e Marte» [disco de 1978 e, de acordo com a «Billboard», um dos mais importantes do rock progressivo], provavelmente irei cantar um tema do Quarteto 1111 com o Tozé Brito, que nem sequer está no cartaz mas que pode entrar sempre nos meus concertos, como eu entro nos dele. Terei algumas surpresas, mas claro que há coisas que vou ter de cantar. Não posso deixar de cantar «A Minha Música», «A Cabana junto à Praia», «20 Anos», «Cai Neve em Nova Iorque»...".
Os convidados destes dois espetáculos são, no mínimo, contrastantes, já que incluem Rita Guerra, Paulo Bragança, DJ Diego Miranda ou os radialistas da rubrica Caderneta de Cromos - Nuno Markl, Pedro Ribeiro, Vanda Miranda e Vasco Palmeirim. Esta diversidade, contudo, surge como natural para o anfitrião das duas noites. "O mundo da arte e da criatividade é como os oceanos: não tem fronteiras", sublinha, prometendo oferecer aos espetadores "a melhor produção que puder apresentar".
Enquanto prepara esses dois concertos, José Cid tem-se mantido perto dos palcos - quer com o quinteto Acidjazz, quer a solo, contando na agenda com um concerto solidário, no Teatro Aveirense, dia 27 de novembro, a favor das crianças carenciadas da Obra do Frei Gil.
Além dos palcos, o músico tem acumulado colaborações em disco. "Estou a produzir um álbum, o do jovem José Perdigão, dentro da música étnico-sinfónica... mal comparado, pode dizer-se que está na área dos Madredeus mas com guitarra portuguesa", revela. Mas não é só: "Estou a pensar produzir mais uma banda ou duas, mas provavelmente a partir de janeiro começo a gravar um disco de rock sinfónico com outra banda, «Vozes do Além». Surjo a cantar poemas de Natália Correia ou de Sophia de Mello Breyner num disco que aborda, poeticamente, a ideia da reencarnação. Nós podemos regressar um dia na forma de plantas, de animais selvagens... basicamente, de coisas de que gostamos. Podemos regressar assim, só que nunca houve ninguém para contar a história".
Ao longo dos próximos dias, publicaremos as várias partes da entrevista a José Cid na redação.
Entrevista e edição @Gonçalo Sá/ Imagem @Magda Wallmont
José Cid sucede a artistas como Dead Combo, Sérgio Godinho, Rita Redshoes, Maria João, Clã, Zé Pedro, David Fonseca, Peaches, Lloyd Cole, Manel Cruz, Ana Moura e The Legendary Tigerman como editores do SAPO Música. Vamos continuar a convidar figuras marcantes das mais diversas áreas do panorama musical português e internacional para que tragam o seu conhecimento e as suas opiniões ao site, enriquecendo-o com a sua experiência e visão do mundo da música.
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