O septeto é considerado o maior fenómeno cultural do país. Os BTS esgotam arenas por todo o mundo, dominam tabelas de vendas, arrecadam milhões de dólares e têm uma legião global de fãs conhecidos como ARMYs.

Ainda assim, esse estatuto não permite aos membros do grupo contornar a regra de que qualquer homem apto deve servir pelo menos 18 meses no exército sul-coreano.

Embora tenha sido debatido durante anos se os BTS mereciam isenção, os seus membros confirmaram em outubro que se alistariam.

Jin, cujo nome completo é Kim Seok-jin, apresentou-se esta terça-feira para as suas cinco semanas de treino antes de ingressar a uma unidade.

Centenas de pessoas esgotaram um cruzamento em frente à entrada do campo de treino de Yeoncheon — onde uma placa diz "Berço dos soldados de primeira classe" —, à espera da chegada de Jin.

Jin
Jin

"Por um lado, é normal que ele se aliste, porque é obrigatório para homens coreanos", comentou Veronique, uma fã indonésia de 32 anos. "Mas, por outro, não poderemos vê-lo por pelo menos 18 meses. (...) Estou feliz, mas também triste e orgulhosa".

O local de treino fica perto da fronteira com a Coreia do Norte, com a qual o Sul está tecnicamente em guerra.

Os fãs ficaram chocados quando os BTS revelaram em junho que entrariam em hiato, devido à exaustão, à pressão e ao desejo de seguir carreiras separadas. Analistas comentaram, porém, que o anúncio foi estrategicamente planeado por causa do alistamento.

O grupo deve voltar a reunir-se por volta de 2025, quando os sete membros completarem o serviço militar.

A Coreia do Sul isenta alguns atletas de elite, como medalhistas olímpicos e músicos clássicos do serviço militar, mas as estrelas pop não se qualificam.

Os BTS beneficiaram, contudo, de uma revisão de 2020 na lei de recrutamento que aumentou a idade máxima de alistamento de 28 para 30 anos, no caso de alguns artistas. Jin, o membro mais velho do grupo, completou 30 anos a 4 de dezembro.

A atuação do cantor sul-coreano Jung Kook, membro banda de k-pop BTS, e do cantor qatari Fahad Al-Kubaisi.
A atuação do cantor sul-coreano Jung Kook, membro banda de k-pop BTS, e do cantor qatari Fahad Al-Kubaisi.

"Não serão esquecidos"

As mudanças geraram especulações sobre o futuro do grupo. Manterá a fama ou terá dificuldade em reviver o sucesso?

Algumas estres da K-pop tiveram problemas para retomarem as carreiras, após o serviço militar, numa indústria bastante competitiva, onde os artistas são facilmente substituídos.

"Para a indústria da K-pop, o hiato dos BTS será importante", disse à AFP Lee Taek-gwang, professor de comunicação da Universidade Kyung Hee.

"O interesse do público pode diminuir, e esse declínio na popularidade prejudicará os seus negócios. Não será fácil para a banda voltar", acrescentou.

Outros especialistas ressaltam, porém, o enorme sucesso dos BTS e antecipam que deverá ser uma exceção a essa tendência.

"Eles alcançaram outro nível de popularidade, influência e credibilidade", acredita Lee Ji-young, especialista em BTS e professora da Universidade Hankuk de Estudos Internacionais.

BTS
BTS

Desde a sua estreia em 2013, os BTS fizeram mais do que qualquer diplomata ou celebridade para promover o "soft power" da Coreia do Sul, considerada uma potência cultural global.

Foram convidados para falar na ONU e encontraram-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca. Também são embaixadores da campanha para levar a Expo Mundial para Busan, na Coreia do Sul. De acordo com o governo sul-coreano, o BTS injetou milhões de dólares na economia.

Apesar do sucesso, um projeto de lei para os isentar do serviço militar mostrou-se tão controverso que não foi aprovado no Parlamento.

"O serviço militar na Coreia do Sul é um indicador de igualitarismo", explicou Lee, da Universidade Kyung Hee.

Jin juntar-se-á a uma "unidade de frente" perto da fronteira, segundo a imprensa local.

"Isso demonstra o papel da cultura e da opinião pública nos assuntos internacionais. Esse papel 'na frente' será de combate, ou de relações públicas?", questiona Sarah Keith, professora de media e música da Universidade Macquarie.

Na segunda-feira, Jin postou uma foto sua, na rede social sul-coreana Weverse, com o cabelo rapado. "Mais bonito do que eu esperava", dizia a legenda.