Depois do Optimus Alive 2011, este domingo foi a vez do espaço TMN Ao Vivo receber o artista britânico, com a casa ‘’meio cheia’’ mas, mesmo assim, repleta de expetativa para o regresso do «lobo» aos palcos portugueses.

Eram 21h25 quando ‘’Armistice’’, do seu mais recente albúm "Lupercalia", deu início àquela que viria a ser uma noite mágica, massem grandes surpresas para quem jáo conhece de outras paragens.

Acompanhadopor quatro músicos, Wolf surgiu igual a si mesmo -exuberante, expressivo, comunicativo, caloroso e cheio de energia para viajar entre os vários instrumentos depositados à sua volta. Este homem mexe-se em palco como qualquer dona de casa se mexe na sua própria cozinha: sabe onde está tudo e não existem instrumentos estranhos ao seu toque, seja a harpa, o violino, aviola ou opiano.

A segunda música que se ouviu foi ‘’House’’ e, num registo um tanto ou quanto auto-biográfico, é dificil não sentir a carga emotiva depositada em canções como esta, onde Wolf consegue falar de amor como ninguém e transportá-lo para um espaço fisico, uma casa cheia de memórias e sensações, reflexo de um amadurecimento notável desde a primeira vez que foi visto em palcos nacionais, no Sudoeste 2007.

Se havia alguém no público que ainda não se tivesse rendido à figura, isso aconteceu no momento em que se ouviram os primeiros acordes de ‘’Time of My Life’’, uma espécie de despertador mesmo para quem já estava mais que acordado.

Durante o espetáculo, Wolf demonstrou ser um homem de poucas palavraspara com opúblico, mas, em contrapartida, fartou-se de tocar em mãos que se mantinham estendidas,esperançosas, invariavelmente.Isto não quer dizer que Wolfse manteve distante. Muito pelo contrário, foi notável toda a dedicação ao público, dedicação essa retribuida na perfeição com imensos aplausos, assobios e até alguns piropos.

Já o concerto ia a meio quando Patrick Wolf comentou a economia dos nossos países e decidiu amenizar a situação com uma canção que ele considera otimista: ‘’Bermondsey Street’’, também ela parte integrantede "Lupercalia".

Enquanto o palco ia mudando de côr, Patrick ia despindo o seu casaco vermelho, deixandoespreitar a sua camisa estampada. Após desapertar alguns botões, decidiu trocar para algo mais confortável: uma blusa dourada coberta de brilho, que combinava na perfeição com o seu estado de espirito. Foi no meio de tanta purpurinaque Wolf pensou em dar trabalho aos seguranças e, como tal, aos poucos, foi-se infiltrando no meio do público, que o recebeu de tal forma, que já não o queria devolver ao palco. Seguiu-se aquela que aparentava ser a última canção do concerto, ‘’Together’’.

Depois de alguns minutos de aplausos, gritos e assobios, os fãs conseguiram resgatar Patrick Wolf dos bastidores para o primeiro e único encore da noite. Agora sim, muito mais confortável, vestido dos pés à cabeça com um padrão preto às bolinhas brancas,cantou ‘’Hard Times’’, single do seu albúm de 2009, "The Bachelor".

Mas afinal o que seria de um concerto de Patrick Wolf sem se ouvir ‘’The Magic Position’’? Com um começo mais calmo, fora do habitual, este single, com o mesmo nome do albúm, representa o seu maior êxito até ao momento e é aquela canção que o público mostra saber de uma ponta à outra, como o artista fez questão de comprovar.

Pode dizer-se que o espetáculo foi fechado com chave de ouro, quando Patrick dedicou ‘’The City’’, novamente de "Lupercalia", a Lisboa.E ainda bem que o fez, pois esqueceu-se da letra e foiprecisamente o público deLisboa que o ajudou a recuperar a memória. A culpa foi do "excesso de entusiasmo", como o próprio confessou.

Pouco faltava para as 23h00. Para trás ficou um espetáculo memorável e a promessa de que em 2012 as visitas a Portugal vão ser mais frequentes. É caso para dizer: ‘’Volta quando quiseres, a casa é tua’’.

Fotografias: Nuno Moreira

Texto: Jorge Cabral