Sempre desafiador e sem arrependimentos, Kevin Spacey está de volta como Frank Underwood, o político sulista e antigo presidente dos EUA que interpretou em "House of Cards".

Esta é uma recente tradição natalícia: desde 2018, um ano após as primeiras acusações de crimes sexuais contra si, que o ator lança por esta época um vídeo onde retoma a emblemática personagem da série original de 2013 que ajudou a tornar a Netflix na atual gigante de Hollywood.

Este ano, a diferença é que, ilibado das acusações que enfrentava na Grã-Bretanha, teve como interlocutor Tucker Carlson, que a maior estrela da Fox News antes de ser despedido em abril.

Sem deixar de se virar diretamente aos espectadores, ator e personagem confundem-se ao longo do vídeo de sete minutos onde se falou das eleições presidenciais, da situação da comunicação social tradicional e da própria Neflix.

O apresentador e comentador conservador perguntou a Spacey, como Underwood, se tinha a noção de que, mesmo após ser despedido pela Netflix, continuava omnipresente na plataforma graças ao característico "tudum" que se ouve no início de todas as produções originais.

"Sim, sabe o que é isso?", responde o ator antes de bater com o punho na mesa, como fazia o político em "House of Cards".

"Boom, boom. Portanto, é bizarro que tenham decidido cortar publicamente os laços comigo com base apenas em alegações que agora foram provadas falsas. Porque não creio que haja qualquer dúvida. A Netflix existe graças a mim. Coloquei-os no mapa e tentaram enterrar-me", notou.

A seguir, o apresentador pergunta-lhe quando é que vai voltar a trabalhar e a resposta que ouve é "voltei ao trabalho no momento em que começámos a conversar, Tucker".

“Isso significa que isto é tipo um episódio ou é real?”, é nova pergunta.

“Provavelmente é um pouco dos dois. Isto é, Tucker, o que é verdadeiro e o que é falso? O que é vida e o que é arte? O que é real, o que é interpretação? Adoro quando estas coisas se cruzam porque é então que se torna interessante", comenta o ator-político.

A "entrevista" termina novamente com as eleições presidenciais nos EUA e a possível entrada tardia de Frank Underwood na corrida, que imagina uma parceria com Tucker Carlson para a vice-presidência.

"No fim de contas, acho que precisamos de alguém na Casa Branca que não tenha medo como eu. Que não tenho medo de empurrar o nosso país, ou um jornalista, na direção certa, se for o caso”, responde Spacey, numa referência oblíqua à celebre cena de "House of Cards" no metropolitano de Underwood com a jornalista Zoe Barnes (Kate Mara).

A "ENTREVISTA".