Nos países da Europa será só em 2024, mas nos EUA a plataforma HBO Max passou a ser só conhecida como Max a partir de terça-feira.
No entanto, a Warner Bros. Discovery teve de pedir desculpa nas primeiras 24 horas da transição e corrigir um "erro" que provocou reações de duas influentes organizações de Hollywood: os sindicatos dos realizadores e argumentistas.
O "erro" da plataforma de streaming foi ter juntado realizadores, argumentistas, produtores e outras pessoas ligadas a um filme num único campo de créditos a que deu o nome de "criadores".
Como foi notado nas redes sociais, a categoria de "criadores" do clássico "O Touro Enraivecido" (1980) juntava sem fazer qualquer distinção e nem sequer por ordem o realizador Martin Scorsese, os argumentistas Paul Schrader e Mardik Martin, os produtores Irwin Winkler e Robert Chartoff, o escritor Peter Savage (cujo livro inspirou o filme) e até o pugilista Jake LaMotta, cuja vida era retratada.
"A nova HBO Max (MAX) eliminou os créditos dos argumentistas e realizadores na sua plataforma em favor de um vago "Criadores". É assim que atualmente aparece 'O Touro Enraivecido'", escreveu um utilizador do Twitter que adotou o nome do falecido realizador John Frankensteiner.
"Isto acabou mesmo", notou, numa implícita referência ao debate recorrente sobre "cinema" e "arte" versus "conteúdo", termo associado às produções disponíveis nas plataformas de streaming.
Os sindicatos dos realizadores (DGA) e argumentistas (WGA) reagiram com comunicados duros, com o primeira a dizer que a "a decisão unilateral, sem notificação ou consulta" era um "grave insulto" e o segundo que era "desrespeitosa e insultuosa".
"Há quase 90 anos que o Directors Guild tem lutado ferozmente para proteger o crédito e o reconhecimento merecidos pelos realizadores pelo trabalho que criam. Esta desvalorização das contribuições individuais dos artistas é uma tendência preocupante e a DGA não vai tolerar isso. Pretendemos tomar as ações mais fortes possíveis, em solidariedade com o WGA, para garantir que cada artista receba o crédito individual que merece", destacou o comunicado assinado por Lesli Linka Glatter, cuja organização está em negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP).
Destacando que o que aconteceu não só era uma "violação de créditos", mas também "desrespeitoso e um insulto aos artistas que fazem os filmes e programas de TV que rendem muitos milhões à sua corporação", o sindicato dos argumentistas acrescentou que o que aconteceu não pode ser dissociado das causas que levaram à greve do setor em Hollywood que começou a 2 de maio.
"Esta tentativa de diminuir as contribuições e a importância dos escritores ecoa a mensagem que ouvimos nas nossas negociações com a AMPTP – que os argumentistas são presenças marginais e não essenciais e deveriam simplesmente aceitar receber cada vez menos, enquanto os lucros de nossos empregadores aumentam cada vez mais. Esse desrespeito surdo pela importância dos argumentistas é o que nos trouxe até onde estamos hoje – no dia 22 da nossa greve", apontou Meredith Stiehm.
Em comunicado, a Warner Bros. Discovery deu a mão à palmatória: "Concordamos que os talentos por detrás do conteúdo do Max merecem que i seu trabalho seja devidamente reconhecido. Iremos corrigir os créditos, que foram alterados devido a um descuido na transição técnica da HBO Max para o Max e pedimos desculpas por este erro".
Segundo a comunicação social norte-americana, já foram restituídos os créditos corretos dos filmes, mas já espreita outro problema: as queixas por terem categorizado na pesquisa pela letra T os filmes cujo título começa por "The" (um pouco como colocar "A Pequena Sereia", agora nos cinemas, na letra A).
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