Depois de "Cristóbal Balenciaga" e "The New Loook", o desfile de séries sobre a alta costura continua com a estreia na sexta-feira, no Disney+, de "Becoming Karl Lagerfeld", uma produção muito aguardada sobre a ascensão deste ícone da moda.

Adaptada da biografia "Kaiser Karl", da jornalista do Le Monde Raphaëlle Bacqué, essa minissérie de seis episódios segue os primeiros passos do estilista, inicialmente sem o seu característico rabo de cavalo, na Paris dos anos 70, quando era um mercenário do prêt-à-porter, antes de se transformar no emblemático estilista da Chanel.

Interpretado com subtileza pelo ator hispano-alemão Daniel Brühl, a personagem destaca-se no mundo da moda graças à sua colaboração com Gaby Aghion (Agnès Jaoui), a fundadora da Chloé.

Mas a série também apresenta a sua rivalidade com Yves Saint Laurent (Arnaud Valois), o protegido de Pierre Bergé (Alex Lutz)... E, acima de tudo, o seu relacionamento com o dândi Jacques de Bascher (Théodore Pellerin), o grande amor da sua vida.

Será uma oportunidade de revelar parte do mistério que Karl Lagerfeld, falecido em 2019, gostava de cultivar e que, pela primeira vez, está no centro de uma ficção audiovisual.

Em março, Daniel Brühl (“Adeus, Lenine!”, “Sacanas Sem Lei”), que não hesitou em aceitar o papel, disse à France-Presse (AFP) que “o mundo inteiro era fascinado por ele”, sem conhecer realmente o homem “por trás da fachada que havia criado”.

"Matador"

créditos: Walt Disney Company

Preocupado em não cair na caricatura, o ator, que treinou falar “em francês com sotaque alemão”, diz que teve uma revelação quando experimentou os saltos altos da sua personagem, que o fizeram pensar “em flamenco e toureiros”, permitindo-lhe “manter a imagem” de um “matador” antes de rodar cada cena.

Dirigida por Jérôme Salle (“Largo Winch", "Kompromat: O Dossier Russo") e Audrey Estrougo, esta produção francesa foi anunciada pela Disney em 2021, um ano após o lançamento da plataforma na França.

Filmada entre Paris, Mónaco e Itália, a série reúne mais de 2.200 figurantes em mais de 40 cenários, com um total de três mil figurinos, dos quais 160 foram criados especificamente para a produção.

Do guarda-roupa à caracterização, “nenhum detalhe é deixado ao acaso”, disse à AFP Jeanne Damas, fundadora da marca Rouje e intérprete da estilista Paloma Picasso, durante o festival de Canneseries.

"Património"

Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent créditos: Walt Disney Company

O lançamento ocorre poucos meses depois da série espanhola “Cristóbal Balenciaga” (Disney+), dedicada ao estilista homónimo, e da norte-americana “The New Look” (Apple TV+), sobre a ascensão de Christian Dior.

“Estamos num momento em que a moda é um património” e em que “podemos confortavelmente olhar para trás” para criar histórias, afirmou Alex Lutz para justificar essa tendência.

“É um mundo muito atraente”, mas também "insalubre", onde coexistem “glamour, publicidade, pretensão, mas também tragédia, drama e vazio”, acrescentou Daniel Brühl.

Os representantes do setor “tornaram-se as suas próprias personagens”, disse Arnaud Valois à AFP, o que é “material inesgotável para os argumentistas”.

É também uma maneira de as plataformas alimentarem os seus catálogos com produções locais, ao mesmo tempo que cruzam fronteiras graças a figuras conhecidas em todo o mundo.

No final de 2022, o ator norte-americano Jared Leto também anunciou que estava a trabalhar num filme biográfico sobre Karl Lagerfeld.