Começaram pela faixa número 13 do álbum que estavam a apresentar - "Arco das Portas do Mar" -, mas isso não lhes trouxe azar. Pelo contrário: os Capitães da Areia conquistaram um Musicbox bem composto por entusiastas de "A Viagem dos Capitães da Areia A Bordo do Apollo 70". Alguns podem ter ficado desiludidos por não ouvir integralmente o novo trabalho de originais da banda, mas de certeza que ficaram compensados com o revisitar de "clássicos" - os possíveis de um grupo com pouca duração, tal como salientou o vocalista - com Vasco Ramalho (ex-membro fundador dos Capitães da Areia) a juntar-se em palco para o grande hit, "Dezassete Anos".

Capitães da Areia

Ó meu amor, eu não sei quem és || Mas saberei assim que atravessar || O Arco das Portas do Mar

Não houve convidados a preencher o palco, a não ser Ramalho (diretamente de Frankfurt para a capital portuguesa), na perspetiva de a banda fazer um concerto que possa replicar noutros locais, tal como nos confessaram em entrevista. Por isso apostaram em canções sem parcerias, tal como a de abertura, "Arco das Portas do Mar", mas também "Menina Bonita do Cinema", "Beijos Espaciais", "Ájax", "A Partida Para O Espaço", "No Tempo das Sereias" e a cheia de falsetes "Nasci Para Enriquecer". Mas não deixaram de fora um dueto que tem sido um mais aplaudidos: Toy não estava na casa, mas Pedro de Tróia assumiu os gritos em "O Duelo dos Reis".

Capitães da Areia

Abaixo as torres de Ofir que eu quero consumir

Há semanas, quando falaram com o SAPO On The Hop, estavam ainda em ensaios para o concerto. Bem à português, como o próprio disse com ironia, o vocalista pegou num papel com a letra de uma das canções que tinha de interpretar, ao estilo do "faço que me apetece" que sustenta este projeto. "Os convidados seriam a cereja no topo do bolo", disse-nos na altura Tiago, o guitarrista e produtor, sustentando porém que não vivem dos convidados. "As canções continuam lá (...) Só queremos que seja uma grande festa".

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E foi. Os vídeos futuristas com referências ao espaço atrás deram o ambiente, a presença de Inês a ajudar Pedro a puxar pelo público e o espaço acolhedor fizeram de uma pequena festa uma festa em grande. Mas já nessa altura avisavam que não iam tocar o disco todo, nem pela ordem que lá estão os 31 temas para dor de alguns fãs. "Não é uma ópera!", afiança Tiago, logo seguido de António, o baterista e o mais novo: "caso contrário metíamos a tocar o disco..."

"As pessoas podem estar há espera de coisas e não as ter (...) vamos ser imprevisíveis", avisaram e cumpriram. Fintaram as expectativas quais Cristianos Ronaldos e deixaram um público exigente satisfeito, nem que seja pela constante surpresa e movimento disruptivo constante.

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Fotos: Joana Jesus