“Vamos às comemorações do centenário do nascimento de José Saramago, em Lanzarote [ilhas Canárias, Espanha], fazer duas apresentações do espetáculo 'A Passarola'”, adiantou hoje o ator Pompeu José, um dos diretores do Trigo Limpo teatro ACERT, num encontro com jornalistas sobre a programação da companhia.
Pompeu José apresentou hoje a programação trimestral da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), distrito de Viseu, que é sede da companhia de teatro que “continua a fazer sempre muitas coisas”.
“A Passarola” terá duas apresentações, em dois locais diferentes, uma a 10 de junho, em Arrecife, capital de Lanzarote, a segunda, no dia 17, em Varadero de Puerto del Cármen, também na mesma ilha da região de Las Palmas, Espanha.
José Saramago - até à data o único português Nobel da Literatura (1998) - nasceu a 16 de novembro de 1922, em Azinhaga, Golegã, distrito de Santarém, e em 1993 mudou-se para Tias, em Lanzarote, onde viveu até morrer, em 2010, com 87 anos.
“Teremos 39 pessoas locais a participar, como nos espetáculos em Portugal, e os atores vão tentar falar em espanhol, mas numa brincadeira, como já fizemos com o 'espetáculo elefante' ['A viagem do Elefante']”, também inspirada na obra do escritor, especificou.
Este responsável, que divide com José Rui Martins a direção artística da companhia, lembrou que “A Passarola" é produzida por um grupo que "não tem muitos meios, mas quer fazer um grande espetáculo, quer voar e, para isso, faz um esforço suplementar”.
“Ou seja, vai falar em espanhol, mas o público vai perceber, até por brincadeira, que às vezes, não consegue e, possivelmente, terá a ajuda de um ou de outro que vai intervir, de modo a tornar numa brincadeira saudável”, disse.
Neste sentido, contou que a peça inspirada em “Memorial do Convento” foi “traduzida com base na tradução do livro em Espanha, ou seja, o texto é o correto, mas também terá, como a versão portuguesa, situações de ironia”.
“O espetáculo faz um apelo sempre a isso, a demonstrar que José Saramago é muito divertido”, defendeu Pompeu José que lembrou a passagem do livro, do rei a querer construir o convento “tal como ele a descreve e como é produzida” na peça.
Pompeu José adiantou que já houve “uma visita técnica” aos dois lugares de Lanzarote, onde “A Passarola” se vai apresentar e, em maio, voltam ao local “para um encontro com os participantes e começar a trabalhar” a peça.
Para este espetáculo, contabilizou Pompeu José, além dos 39 participantes locais, irão, a partir de Tondela, “nove atores, cinco músicos, três técnicos e mais algum apoio de produção, perto de 20” pessoas.
“Quem vai participar deverá ficar fora 20 dias tendo em conta que não há barco todos os dias, porque temos de levar duas carrinhas com todo o material necessário, o cenário e os figurinos. E eu também quero ir”, concluiu Pompeu José.
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