Os Club Makumba, banda que começou com a dupla Tó Trips e João Doce, editam hoje o álbum de estreia, homónimo, feito de música “muito fluída e aberta”, que “vive de muitas influências e de muitas latitudes”.
Os Club Makumba apresentaram-se ao vivo pela primeira vez em novembro de 2019, em Lisboa. Nesse concerto, interpretaram temas do álbum de estreia, que tinham acabado de gravar, mas só agora editam, por culpa da pandemia da COVID-19.
“Juntámo-nos os quatro em agosto [de 2019] e em novembro estávamos a gravar o disco. Em janeiro de 2020 estava pronto, havia uma digressão agendada e veio o covid", recordou o músico João Doce, em entrevista à agência Lusa.
Nestes dois anos, “as músicas estiveram estacionadas” e a banda foi tendo “alguns concertos”, quando a pandemia o permitia.
Para esta banda, e tantas outras, “é um bocado inédito ter um disco na prateleira à espera”. As músicas que fazem parte do álbum “foram ganhando roupagens e corpos um bocadinho diferentes”, nos concertos, “mas, enquanto produto gravado, estão estacionadas à espera de sair”.
“Ao vivo, as músicas acabam por ganhar finais novos, inícios novos, mas continuam na sua essência a ser o que eram”, afirmou.
Os Club Makumba começaram por ser dois - Tó Trips (guitarrista, metade dos Dead Combo) e João Doce (percussionista dos Wraygunn), que em 2016, gravaram “Sumba”, um EP editado no âmbito do Record Store Day e andaram “por aí a tocar” em dupla.
Entretanto decidiram gravar um álbum e desafiaram o saxofonista Gonçalo Prazeres e o contrabaixista Gonçalo Leonardo a tocarem com eles.
“Conseguimos, e tem que ver com escolhas e uma certa magia e sorte, rapidamente encontrar uma espécie de som Club Makumba”, disse o músico.
João Doce fala da música de Club Makumba como “muito fluida e aberta, no sentido em que vive de muitas influências e de muitas latitudes, sem uma grande preocupação, a não ser o gosto pessoal e a interatividade dos elementos da banda, que acaba por conduzir as músicas para esse sítios”.
“Terá algo mediterrânico, algo de África, algo de urbano”, acrescentou.
Gonçalo Leonardo (contrabaixo e baixo) e Gonçalo Prazeres (saxofone) “vêm do jazz”, João Doce e Tó Trips “do rock”, e o segundo, com os Dead Combo, “acaba por ter outra linguagem”.
“Temos sopros e guitarra e acabámos por nos levar para uma zona que é um bocado esta junção de várias influências. Contagiamos a banda para ir para determinado sítio e depois é a banda que nos contagia a nós. Quando estamos a tocar novas músicas, olhamos uns para os outros e sabemos ‘esta é som Club Makumba’”, disse.
A música de Club Makumba é também “de resistência”, expressão que tem dois sentidos.
“Por um lado, a abertura que a banda tem a influências de todo o mundo. Num momento em que o mundo politicamente atravessa problemas gravíssimos, de barreiras e muros que se erguem à circulação das pessoas, e quanto mais desfavorecidas e quanto mais problemáticos são os países de onde essas pessoas vêm, mais barreiras e mais muros se erguem, é uma justa homenagem”, referiu.
Para João Doce, embora a música que os Club Makumba fazem não tenha voz, “é expressão de que se não houvesse interação entre povos, partilha de culturas, a banda não existia”. “Seria um exercício muito básico e muito pouco interessante”, defendeu.
Além disso, com uma pandemia que “fez abanar todos”, toda a gente teve de “recorrer a essa resistência”.
“Acho que a nossa música pode, na ressaca de uma pandemia, trazer esse lado mais de celebração, festividade, dança, que será muito importante para o regresso das pessoas aos espetáculos. Estamos todos um bocadinho ávidos de alegria, de partilha e de liberdade”, disse.
Os Club Makumba iniciam em 27 de janeiro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, uma série de concertos de apresentação do álbum de estreia, cujo alinhamento já vai incluir “três temas novos”.
A banda toca depois em Faro (dia 28 na Associação Recreativa e Cultural de Músicos), no Porto (4 de fevereiro no Maus Hábitos), em Torres Vedras (5 de fevereiro no Bang Venue), em Coimbra (11 de fevereiro no Salão Brazil), em Arcos de Valdevez (12 de fevereiro no Sons de Vez), em Águeda (26 de fevereiro no Centro de Artes) e em Santa Maria da Feira (9 de abril no Cineteatro António Lamoso).
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