O segundo dia do NOS Alive foi marcado pelo girl power no palco principal. Com estilos diferentes, Celeste, Jorja Smith e Florence + The Machine foram os protagonistas, num dia que arrancou com os portugueses Os Quatro e Meia e terminou com os britânicos Alt-J. Dino D’Santiago, Alec Benjamin, Fogo Fogo, Pedro Mafama, Herman José e Beatriz Gosta também passaram pelo Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, esta quinta-feira, dia 7 de julho.

De volta à cidade onde é sempre feliz, Florence Welch foi recebida de braços abertos pelos festivaleiros - a cantora e a sua banda também fazem por isso em cada passagem por Portugal. E já pairavam no ar algumas saudades: os Florence + The Machine atuaram pela última vez na Altice Arena, em Lisboa, em abril de 2016.

"Heaven Is Here", uma das canções mais aclamadas do novo álbum, "Dance Fever" (2022), abriu o concerto. Seguiu-se “King”, que também faz parte do mais recente registo do grupo britânico, e "What Kind of Man", que carimbou o primeiro grande momento da noite.

Depois de "Kiss With a Fist" e "Free", chegou "Dog Days Are Over", um sucesso garantido. Em ritmo frenético, o arranque portentoso do concerto não deixou margem para dúvidas: Florence e a sua banda têm em mãos um espetáculo seguro e os festivaleiros retribuíram com aplausos e uma histeria coletiva.

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Sem perder o ritmo, Florence continuou a disparar sucessos. “June”, canção que abre o álbum “High As Hope”, editado em 2018, abriu caminho para "Dream Girl Evil"e "Ship to Wreck", faixa de abertura de "How Big, How Blue, How Beautiful" (2015), que foi recebida com energia pelo público.

Intercalando novas canções e sucessos de sempre, os Florence + The Machine conseguiram agarrar o público em todos os momentos, mesmo em temas menos populares do mais recente álbum.

Em palco, Florence, como já nos habituou, foi incansável, fazendo maratonas de um extremo ou outro do palco. Os ânimos estiveram sempre em alta e os espectadores não hesitaram em juntar-se à festa. "Cosmic Love", “Spectrum” e “Hunger” não ficaram de fora, claro, e tiveram repercussões óbvias na euforia dos fãs.

Florence + the Machine
Florence + the Machine créditos: Stefani Costa

No curto mas forte encore, Florence jogou as duas últimas e grandes cartadas: "Shake It Out" e "Rabbit Heart (Raise It Up)" fecharam a noite de forma explosiva.

Durante quase uma hora e meia, a britânica ofereceu tudo aquilo que os fãs esperavam - não terá surpreendido os festivaleiros que a acompanham desde a sua estreia em Portugal, na Aula Magna, em 2010. Sempre com a máquina bem oleada e a bagagem carregada de sucessos, a proximidade e empatia de Florence são a cereja no topo do bolo recheado com canções pop enérgicas.

Celeste, a nova estrela da soul

CELESTE
CELESTE créditos: Stefani Costa

Celeste foi a grande surpresa da noite, pelo menos para os festivaleiros que não a conheciam. Já os fãs que encheram as primeiras filas do palco NOS não tinham dúvidas de que o concerto iria marcar o dia e arrebatar corações.

Foi no final de 2019 que a cantora começou a dar nas vistas. Em 2020, foi a grande vencedora da BBC Sound, a lista anual da cadeia britânica que antecipa os novos talentos da música. A artista foi escolhida por 170 nomes ligados ao mundo da música, entre eles Billie Eilish e Lewis Capaldi.

Apesar da curta carreira, soma vários galardões e elogios dos seus pares e da imprensa: "Incrível, impressionante, tudo", sublinhou Jorja Smith, que subiu a palco meia hora depois de Celeste; "Aquela voz ...", disse Billie Eilish; "Um talento único numa geração... a melhor cantora de soul britânica a surgir em anos", escreveu a revista NME, por exemplo.

À primeira audição, as canções parecem combinar com salas interiores, mas a verdade é que a artista não perdeu a sua identidade perante um grande recinto a céu aberto. A sua fragilidade e inquietação foram preservadas, mas a sua simpatia e proximidade surpreenderam o público.

No NOS Alive, a cantora de soul-jazz apresentou-se ao som de “Ideal Woman”, "Father's Son" e "Lately", que convidaram o público a entrar no seu mundo que vive do pretérito, com fortes influências dos anos 1980.

CELESTE
CELESTE créditos: Stefani Costa

A voz única e facilmente reconhecida são a alma de todas as canções e, ao vivo, as letras fortes ganham ainda mais força e significado. Verso após verso, a emoção foi aumentado e os sentimentos foram embalados com temas como “​​Both Sides of the Moon” ou “Tell Me Something I Don't Know”, canções do álbum “Not Your Muse”, que consolidaram Celeste como um dos grandes nomes da música britânica.

A meio da viagem, a cantora desceu do palco e entregou “Stop This Flame” e os fãs, sem hesitar, cantou com considerável eco o refrão do single. Acolhida em euforia, passeou pelo meio da multidão (até onde o fio do seu microfone permitiu). No meio do público, em cima das plataformas das graves, ficou olhos nos olhos com o público e apresentou duas canções novas, "On With The Show" e “What Happened To Her?”.

Na reta final, Celeste aqueceu os corações com "Love Is Back", "This Is Who I Am" e "Brings Me Back To You". Mas o momento de maior comunhão entre a artista e público chegou com “Strange”, o primeiro grande sucesso da sua carreira. Ao som dos versos “Isn't it strange/ How people can change/ From strangers to friends/ Friends into lovers/ And strangers again?”, as emoções falaram mais alto e as foram muitos os festivaleiros que não esconderam as lágrimas.

A estreia de Celeste em Portugal não poderia ter corrido melhor. Um final de tarde que não vamos esquecer e que queremos repetir brevemente.

O regresso de Jorja Smith

JORJA SMITH
JORJA SMITH créditos: Stefani Costa

Depois de Celeste subir a palco, às 21h00, foi a vez de Jorja Smith assumir o leme da multidão. À hora marcada, os festivaleiros juntaram-se na frente do palco NOS para uma hora de sucessos, que a britânica defendeu com uma voz e postura firme que não deixa ninguém indiferente.

Quando baixo entrou em ação, todos se soltaram e dançaram sem vergonha. O ambiente descontraído marcou todo o concerto e ninguém se teria importado se se prolongasse - é como diz o ditado, o que é bom… acaba depressa.

Com jogos de luzes e fumo em palco, a artista arrancou o alinhamento com "Teenage Fantasy", "Be Honest" e ofereceu "Addicted" para fechar o primeiro bloco de canções.

“É a minha segunda vez aqui e estou muito feliz por estar de volta”, sublinhou, entre sorrisos. A julgar pela euforia do público, o sentimento foi reciproco e ainda estávamos no início da noite que se provaria triunfal para Jorja Smith.

JORJA SMITH
JORJA SMITH

O seu mais recente EP, "Be Right Back", editado no ano passado, também não ficou de fora do alinhamento que contou com um extra: Jorja Smith brindou o festivaleiros com uma versão de “Stronger Than Me”, clássico de Amy Winehouse, momento que foi celebrado com euforia.

Se na última edição do NOS Alive, em 2019, a artista era uma estrela em ascensão, hoje já conquistou o estatuto de nome forte da música r&b. Desde que partilhou a sua primeira canção no SoundCloud, a jovem de Walsall não mais parou e tem construído uma carreira segura, conquistado elogios dos pares, crítica e público.

O NOS Alive decorre até sábado, dia 9 de junho, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.

Esta é a 14.ª edição do festival de música, que se estenderá até sábado com 165 atuações, repartidas por sete palcos, a começar no pórtico de entrada dos espectadores, passando por um coreto, um palco dedicado à comédia, outro à música eletrónica ou o palco maior, com os cabeças-de-cartaz.

Até sábado, o NOS Alive acolherá, entre outros, os Metallica, Da Weasel, Dino D’Santiago,  Imagine Dragons, Manel Cruz, Phoebe Bridgers, St. Vincent, Two Door Cinema Club, DJ Vibe e Três Tristes Tigres.

Em relação a edições anteriores, não há alterações substanciais no recinto do festival, na disposição dos sete espaços, e das zonas de restauração, exceto numa maior dispersão de pontos de acesso às casas de banho.