Três cozinhas, três casais “disfuncionais” e três ceias de Natal sucessivas. São estas as premissas da peça "Comédia de Bastidores" que tem a primeira récita na quarta-feira, no Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, para expor questões e conflitos que têm tanto de “cómico como de sério”.
“Isto de se chamar bastidores é muito interessante, porque a cozinha é o bastidor da casa, mas a casa está implícita. Aqui, a arquitetura tem um pendor forte. O próprio espaço tem vida própria, respira”, afirmaram hoje, à margem do ensaio de imprensa, os encenadores do espetáculo, Nuno Carinhas e João Cardoso.
Cada ato da peça, que se desenrola numa cozinha diferente e numa ceia de Natal diferente, expõe tanto ambições como problemas, conflitos e anseios dos casais: um jovem empresário e a sua mulher, um arquiteto e a sua mulher e um banqueiro e a sua mulher.
Ainda que “todos burgueses, há estratos que os diferenciam”, assegurou Nuno Carinhas, acrescentando que, com o passar dos anos, se vai sentindo na peça “algum desgaste”, mas também “o avançar de alguma cumplicidade”.
As diferentes questões que ao longo da peça sobem a palco, como o adultério, os conflitos de classes e pequenas obsessões “não são realidades tão distantes”, como possamos acreditar e com as quais não nos possamos “facilmente identificar”.
A peça "Comédia de Bastidores", de Alan Ayckbourn, cujo título original era "Absurd Person Singular" foi traduzida, em 1997, por Paulo Eduardo Carvalho para o Teatro Experimental do Porto (TEP), onde na época subiu a palco com a encenação de João Cardoso.
Passados mais de 20 anos dessa estreia, os encenadores “deixaram-se contaminar pelo lado negro que o texto também tem e que se vai instalando em cada ato”, observou João Cardoso.
“Há alguns anos, no TEP, fiquei mais obcecado pela máquina teatral, que é uma máquina que nos empurra diretamente para a comédia. Aqui, conseguimos abrir o leque de temas que nos envolvem”, afirmou.
Em palco, a dar vida às personagens e como que representando “três diferentes gerações de atores”, estão Benedita Pereira, Catarina Gomes, Sara Carinhas, Paulo Freixinho, Pedro Frias e Pedro Galiza.
A peça, que fica em cena até 11 de outubro, sobe ao palco à quarta e sábado, às 19:00, à quinta e sexta-feira, às 21:00, e ao domingo, às 16:00, sendo que cada sessão tem lotação para 200 pessoas.
Nesta “segunda vida”, "Comédia de Bastidores" conta com a coprodução da ASSÉDIO, do Teatro Nacional São João e do São Luiz Teatro Municipal.
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