A “difícil decisão” foi anunciada hoje em comunicado na página oficial na rede social Facebook da Associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo, e tomada em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa e a EGEAC, a empresa municipal que gere os espaços e atividades culturais municipais.
“A Associação traçou um conjunto de cenários que tiveram em conta não só a saúde e segurança dos milhares de pessoas que participam anualmente neste evento integrado na programação das Festas de Lisboa, como também a limitada capacidade de ação de todas as parcerias e apoios envolvidos, concluindo que este ano a realização do Arraial Lisboa Pride seria incompatível com o momento em que vivemos, mesmo num cenário de achatamento da curva de contágio e da diminuição do número de pessoas infetadas, na linha do comunicado pela Câmara Municipal esta semana”, lê-se no comunicado.
Citada pelo comunicado, a presidente da direção da ILGA, Ana Aresta, fala de “um sentimento de profunda tristeza” pelo cancelamento do evento “que é sinónimo de igualdade, felicidade, liberdade, diversidade e que congrega em si todo o acumular de conquistas legais e sociais em torno dos Direitos Humanos pessoas LGBTI”, deixando a garantia que a associação se vai dedicar a garantir a proteção das pessoas que agora, devido ao confinamento, ficam mais sujeitas a problemas de saúde mental ou violência familiar.
“Apesar da consternação da ILGA Portugal pelo cancelamento de um evento que se realiza ininterruptamente há mais de 20 anos e que tem sido determinante para a construção da visibilidade e empoderamento das pessoas LGBTI e das suas famílias em todo o país, esta alteração permitirá à Associação canalizar todos os seus esforços e recursos de modo a reforçar a rede de serviços e apoios essenciais à população e famílias LGBTI, garantindo a manutenção das responsabilidades políticas, sociais e comunitárias da ILGA Portugal”, escreve a ILGA em comunicado.
A associação refere que no período de emergência mantém ativos para a população LGBTI e familiares os serviços de apoio psicológico, apoio jurídico, integração social, apoio à vítima, passando a linha LGBT a ter um formato de atendimento digital, assim como os grupos de apoio passaram a reunir-se em formato virtual e com maior periodicidade.
A ILGA Portugal refere ainda que vai procurar marcar o mês do orgulho LGBTI “de forma criativa”, prevendo juntar-se ao “Global Pride 2020, um evento online que no dia 27 de junho irá celebrar o orgulho e a igualdade por todo o mundo”.
Em Portugal, segundo o balanço feito na terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).
Dos infetados, 1180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
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