"Relativamente aos apoios, já são tardios, ainda que bem-vindos. Porque, infelizmente, as empresas neste momento não estão em posição de recusarem seja o que for", disse à Lusa o presidente da associação, José Gouveia, depois de o ministro da Economia ter anunciado hoje no parlamento que o programa Apoiar vai ser alargado às empresas que continuam encerradas desde o início da pandemia, como é o caso dos espaços de animação noturna.
"Não sei qual será a linha de apoio, não sei em que condições é que esses apoios virão, nem sei qual a substância desses apoios. Sei, sim, que neste momento as empresas necessitam de um apoio financeiro bem musculado", acrescentou José Gouveia, que lembrou que as discotecas estão fechadas desde março de 2020, que o setor esteve 11 meses "sem receber qualquer tipo de apoio" e que desde fevereiro deste ano "não havia notícia" de novas ajudas.
O presidente da Associação Nacional de Discotecas condenou, porém, que o Governo mantenha "a máxima de encerramento compulsivo e sem alternativa" das discotecas, em "contraciclo com tudo aquilo que se vai passando no resto da Europa", quando permite a abertura da restauração e a realização de outros eventos, mediante a apresentação, pelos clientes, de certificados digitais de vacinação, recuperação da doença ou teste negativo ao vírus que provoca a COVID-19.
"Pergunto o porquê de deixar as discotecas de fora. Não faz qualquer sentido", defendeu José Gouveia.
"Estamos mais uma vez a ser marginalizados pelo Governo nesta fase", disse o presidente da Associação Nacional de Discotecas, para quem "não há apoio financeiro que o Governo possa dar" que "consiga compensar estes 16 meses de espaço fechado e que previsivelmente se vão transformar em 18 se seguirmos a diretriz do governo de estarmos encerrados até setembro deste ano".
José Gouveia lembrou que outros países da Europa, como França, permitiram já a reabertura das discotecas, seguindo precisamente as mesmas regras que Portugal aplica aos restaurantes.
"Eu estou a ver Lisboa deserta de turismo, seja ele nacional, seja ele estrangeiro. Estou a ver inclusive praias desertas. Porque nós pura e simplesmente estamos a afastar as pessoas do nosso país", insistiu.
O programa Apoiar consiste num apoio de tesouraria, sob a forma de subsídio a fundo perdido, para apoio a empresas dos setores particularmente afetados pelas medidas excecionais aprovadas no contexto da pandemia da doença COVID-19.
O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse hoje, numa audição parlamentar, que o programa vai ser alargado às empresas que continuam encerradas desde o início da pandemia e explicou que "a perspetiva mais vigorosa” da economia para o terceiro trimestre tem de ser agora “mais moderada” devido à evolução da COVID-19, que está a afetar o turismo.
Siza Vieira sublinhou que as atividades que se mantinham encerradas desde o início da pandemia “provavelmente vão ter mais algumas semanas” antes de poderem retomar a atividade.
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