Editado pela Quetzal, “Cravos e Ferraduras” é um livro de textos entre o conto e a crónica, que retratam o país com humor, cumplicidade, atrevimento ou uma compreensão que não pede distância, mas proximidade, descreve a editora.

As personagens escolhidas pelo autor não são conhecidas, e os seus comportamentos não são dignos de elogio ou de serem escolhidos como exemplo, são os portugueses provincianos, os manhosos e malandros da pátria.

É sobre estas figuras arrancadas à vida desconhecida da província, das vilas e aldeias de Portugal, que o autor se alonga, desenhando um retrato dos portugueses, no geral, “frívolos ou sentimentais, mentirosos ou com um fingido amor pela verdade”.

“Cravos e Ferraduras” consiste, pois, num apanhado de textos de diário, pequenos contos ou crónicas ficcionadas, que fazem uma espécie de resumo dos últimos anos da vida portuguesa.

O resultado é um quadro do país através de pequenos apontamentos sobre personagens e vidas comuns, populares, rurais, desconhecidas, mas é também um livro sobre o próprio escritor, que observa o país.

De ascendência transmontana, J. Rentes de Carvalho nasceu a 15 de maio de 1930, em Vila Nova de Gaia.

Forçado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para vários jornais.

Em 1956, passou a viver em Amesterdão, onde se licenciou, e, entre 1964 e 1988, foi professor de Literatura Portuguesa na universidade.

Desde então, dedica-se exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias.

A sua extensa obra (de ficção, ensaio, crónica e diário) tem sido publicada em Portugal e nos Países Baixos, sendo recebida com grande reconhecimento, quer por parte da crítica, quer por parte dos leitores em geral.

Em 2011, recebeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica APE com o livro “Tempo Contado”, e, em 2013, o Grande Prémio de Crónica APE com “Mazagran”.

J. Rentes de Carvalho divide o seu tempo entre Amesterdão, nos Países Baixos, e Estevais (Mogadouro), em Portugal, metade do ano em cada lugar.