"Vamos ser dois portugueses a tocar clarinete", disse à Lusa Sérgio Coelho, de 28 anos, que se formou na Academia Nacional Superior de Orquestra / Metropolitana de Lisboa e depois rumou a Los Angeles para estudar na Universidade do Sul da Califórnia (USC).
O festival Opera Neo está marcado para 6, 7, 13, 14 e 15 de agosto e irá mostrar "Le nozze di Figaro", de Wolfgang Amadeus Mozart, e "Serse", de Georg Friedrich Händel.
O regresso dos eventos após mais de um ano de paragem, devido à pandemia de covid-19, está a refletir-se também noutro tipo de projetos musicais, como filmes e gravações para concertos.
"As instituições artísticas aqui estavam a fazer projetos de música de câmara com agrupamentos bastante mais pequenos mas entretanto já toquei um ballet com orquestra completa", referiu Sérgio Coelho.
O clarinetista, que se graduou em maio de 2020, explicou que as coisas mudaram a partir da terceira semana de maio, em que "começaram a aparecer bastantes coisas diferentes".
Uma delas foi o Sunset ChamberFest, um festival de música de câmara em Los Angeles para o qual Sérgio Coelho gravou e que destaca a participação do português no programa.
"Gosto de fazer um bocadinho de tudo e em Los Angeles tenho essa possibilidade", frisou o clarinetista. "Não tenho necessariamente que me focar só numa coisa na área da música", continuou. "Às vezes toco para filmes, às vezes faço gravações, às vezes faço concertos de música de câmara, às vezes orquestra, outras vezes de ópera e bailado".
As vantagens de ser freelancer foram menores durante o confinamento, com menos compensações para os músicos que viram os projetos cancelados, mas Sérgio Coelho prefere essa independência.
"Se estivesse associado a uma filarmónica não teria tanta facilidade em participar em tantos projetos diferentes. Gosto de ter a flexibilidade de fazer um bocadinho de tudo", afirmou.
Mostrando-se satisfeito com a sua carreira em Los Angeles, o português não planeia voltar para Portugal, mas não coloca outros rumos de lado.
"Quando saímos uma vez do nosso país ficamos abertos à ideia de que o mundo é a nossa casa", sublinhou. "Não tenho uma ideia fixa em sair mas não fecho a porta a nada".
O caminho para Los Angeles abriu-se através de um professor de clarinete, que deu masterclasses na Suécia em que Sérgio Coelho participou. "Apareceu a oportunidade de concorrer para a USC e entrei", lembra o português, que chegou a dar aulas na Escola das Artes do Alentejo Litoral.
Já Virgínia Figueiredo, clarinetista premiada e consagrada em Hollywood, está em Los Angeles desde 2003. A portuguesa foi uma das artistas escolhidas para tocar na banda sonora do filme "Minari", que foi nomeada para os Óscares em 2021.
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