É outono e voltámos oficialmente às salas de espectáculo. A rentrée foi feita no teatro São Luiz, por Bruno Nogueira e Manuela Azevedo.
Não há atrasos e o comediante inicia o espectáculo com um monólogo introdutório, que não serviu nem de explicação do que aí vinha, nem, no meu caso, para rir. Nogueira tem graça, não há dúvida, seja pelo seu humor físico ou pela sua inteligência, mas tende cada vez mais a provocar o riso insultando levemente. A fórmula resulta, como notei com os risos histéricos da espectadora ao meu lado. Nogueira ainda conseguiu confundir a plateia com referências ao seu alegado passado secreto e traumático. Mais risos histéricos, de toda a plateia.
Ao fim da primeira música, um original de José Malhoa, já era claro o que se ia passar durante o resto do espectáculo: fazer pouco do pimba, cantando algumas das mais famosas letras do estilo, substituindo a pior parte delas, ou seja, o instrumental. Uma ótima ideia que resultou muito bem. Seguiram-se muito boas interpretações de êxitos de Ágata, Mónica Sintra, e António Severino, entre outros. Nogueira passeava-se entre interpretações de rap, com voz de rádio ou acompanhamento em percussão e teclas. As suas expressões e falsetes continuavam a arrancar risos desproporcionados, como se notou especialmente em “Vem devagar, emigrante", o tema de Graciano Saga.
As contribuições de Camané, Marante e Markl, cada um com estilo e uma reacção diferentes ajudaram à diversão. Nada que se pudesse comparar com as contribuições de grande qualidade no plano musical. Os responsáveis por estas foram obviamente Manuela Azevedo, igual a si própria, o contrabaixista Nelson Cascais, e os directores musicais Nuno Rafael e Filipe Melo.
Não faltaram as interpretações de "Garagem da Vizinha" e de “Meu Querido Mês de Agosto”, e também não faltou o encore, que reuniu “Cabritinha”, de Quim Barreiros, e um curioso medley.
Saído da sala só me vem à cabeça que de comédia vi pouco. Bruno Nogueira não canta nada de especial, mas poderia dedicar-se à produção musical, como provou pelo resultado das suas interpretações.
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