O início do julgamento por violação e agressão sexual contra Harvey Weinstein, o outrora poderoso produtor de Hollywood, foi adiado para o início do próximo ano, após o juiz conceder, na quarta-feira (23), novos prazos para a apresentação de moções à defesa.

Weinstein, de 72 anos, chegou numa cadeira de rodas e pálido, com dois livros nas mãos – um deles "Uma Terra Prometida", do ex-presidente Barack Obama – para uma audiência no Supremo Tribunal de Manhattan, dois dias após a notícia de que sofre de uma forma de cancro na medula óssea.

O julgamento estava previsto para começar a 12 de novembro, mas o juiz Curtis Farber agendou uma nova audiência para 29 de janeiro, na qual se espera que seja anunciada a data de início das deliberações do caso.

A justiça de Nova Iorque precisa repetir o julgamento no qual Weinstein foi condenado em 2020 por violação e agressão sexual a uma atriz e por realizar sexo oral forçado numa assistente de produção, depois de um tribunal de recurso ter anulado o caso em abril devido a um erro processual. Na época, foi condenado a 23 anos de prisão.

O juiz também decidiu que, no mesmo julgamento, será julgada uma nova queixa de agressão sexual, apresentada em setembro, pela qual Weinstein declarou-se inocente.

O seu advogado, Arthur Aidala, mostrou-se "surpreso" e "dececionado" com a decisão do juiz de juntar os dois casos. Aidala espera que o seu cliente vá a julgamento "no final do inverno ou início da primavera", disse à imprensa após a audiência.

Sem entrar em detalhes sobre a doença de Weinstein, o advogado afirmou que o seu cliente é um "lutador" e irá "lutar neste caso com toda a força que tiver", e espera que as autoridades prisionais "lhe proporcionem o tratamento que qualquer ser humano merece".

As acusações contra Weinstein ajudaram a impulsionar o movimento #MeToo em 2017, considerado um marco na luta das mulheres contra os abusos sexuais no ambiente de trabalho.

Mais de 80 mulheres acusaram Harvey Weinstein de assédio, agressão sexual ou violação, incluindo Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Ashley Judd. O antigo produtor alegou que as relações sexuais em questão foram consensuais.