“Após 14 meses com o Teatro Politeama fechado devido à pandemia, o pano vai finalmente abrir”, desabafou Filipe La Féria, em entrevista à Lusa, lembrando que a estreia deste espetáculo teve de ser adiada duas vezes devido à pandemia.
Com textos, encenação, figurinos e cenários de La Féria, “Espero por ti no Politeama” é “uma revista-cabaret e também um pontapé, porque é uma sátira a tudo o que se passa neste jardim à beira mar plantado”, descreveu o dramaturgo.
Toda a atualidade social, política, desportiva e artística é passada em revista, numa história em que Júpiter manda Mercúrio ver o que se passa em Portugal, e então “encontra o português”, situação que vai depois “desenrolar uma série de quadros”.
“Acho que todos os nossos protagonistas estão lá, mas eu espero que não se zanguem, porque o humor é resistência e a arte do teatro é a arte também de amar, e de amar as pessoas”, disse, afirmando que “desde os políticos ao fado, ao futebol, aos aldrabões, aos vigaristas, está tudo lá”.
Para o encenador, depois dos tempos vividos em pandemia e da crise que o meio artístico atravessou – a propósito, lembra que houve artistas a fazer entregas de comida para ganhar dinheiro, um dos casos retratados neste espetáculo - é “preciso agora rir e abraçar nova vida”.
Por isso, classifica esta sua produção como “um hino à alegria, um reencontro com a alegria e um grande abraço à vida e ao otimismo”, assegurando que neste espetáculo, em que há espaço para rir e para se emocionar, o “espectador compra duas horas de alegria”.
Filipe La Féria destacou ainda a aposta feita numa nova geração, visível no “elenco jovem cheio de talento”, que conta com os atores Vanessa, FF, Filipa Cardoso, Filipe de Albuquerque, Bruna Andrade, João Frizza, Élia Gonzalez, Paulo Miguel Ferreira, Paula Ribas e Jonas Cardoso, além de bailarinos, dirigidos por Marco Mercier.
Esteticamente, descreve o espetáculo como “lindíssimo e muito moderno, pois apesar de ter a estrutura da revista e do cabaret, tem uma contemporaneidade muito grande e é muito estilizado", constituindo “um prazer para os olhos e para a alma”.
Com direção musical de Miguel Amorim e Miguel Camilo, e direção vocal de Tiago Isidro, este espetáculo cede igualmente um lugar central à música, que “invade o teatro” e embora sendo uma “música alegre, tem também números emocionais”, acrescentou.
Quanto às medidas de combate à pandemia, Filipe La Féria salientou que o Teatro Politeama é “completamente seguro”, pois todos os dias é desinfetado, os atores são testados, o público entra individualmente na sala, após medição da temperatura, e a lotação da sala está delimitada a 50% do espaço.
“É um garante da saúde dos espetadores”, assegura o encenador, que confessa ter receio que o público se iniba de ir ao espetáculo, atendendo a que uma grande maioria é de pessoas mais velhas e que, por isso, são mais cautelosas.
São “tempos muito difíceis”, mas “estou muito contente, acho que é dos espetáculos mais completos que eu fiz, e já lá vão muitos”, disse o encenador.
Com “Espero por ti no Politeama”, Filipe La Féria volta à revista portuguesa, género em que se iniciou há 30 anos com o espetáculo “Passa por mim no Rossio”, e afirma: “estamos cheios e entusiasmo e de força para abrir o Teatro Politeama e encher novamente as Portas de Santo Antão”.
Com dramaturgia de João Frizza e Filipe de Albuquerque, o espetáculo vai estar em cena até dia 1 de agosto e apresenta-se ao público de quarta-feira a sábado, às 20h30, e sábado e domingo às 17h00.
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